Brasil

Países de língua portuguesa discutem criação de Centro Lúcio Costa

O órgão vai capacitar gestores do patrimônio cultural dos países filiados, inicialmente, da América do Sul, da África Lusófona (de língua portuguesa) e o Timor Leste

postado em 09/09/2013 19:43
Rio de Janeiro - Representantes de países africanos de língua portuguesa estão reunidos nesta segunda-feira (9/9) até sexta-feira (13/9), no Rio de Janeiro, para participar das discussões sobre a criação do Centro Lúcio Costa (CLC), órgão regional de formação em gestão de patrimônio. O centro será administrado pelo Departamento de Articulação e Fomento (DAF), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O CLC está em fase de implantação e, segundo o diretor do DAF, Luiz Felipe Torelly, deve ser inaugurado no primeiro semestre de 2014. O órgão vai capacitar gestores do patrimônio cultural dos países filiados, inicialmente, da América do Sul, da África Lusófona (de língua portuguesa) e o Timor Leste. O centro vai oferecer cursos e seminários. Também terá um observatório de iniciativas relevantes na área do patrimônio e também publicar editais voltados à elaboração de teses para artigos e ensaios de caráter científico. "A região de abrangência do centro é muito grande e a gente precisa formar uma grande base pedagógica que seja de interesse de todos os países;, explicou o diretor.

Na semana passada, houve uma reunião com representantes da Argentina, do Uruguai, do Paraguai, do Peru, do Chile, da Colômbia e do Equador. Segundo o diretor, os países se mostraram interessados em aderir ao centro. ;O passo seguinte é enviarmos uma correspondência a cada um desses países para que eles formalizem o apoio na Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura], [o que] implica toda uma tramitação diplomática.;

A manutenção da estrutura do CLC será financiada pelo governo brasileiro e pelos outros países integrantes. ;Como a sede será no Brasil, caberá ao governo brasileiro as maiores responsabilidades. Para os países que aderirem, a participação será proporcional à sua capacidade econômico-financeira. Há desde países grandes, como Brasil e Argentina, a outros como São Tomé e Príncipe, que é uma ilha;, destacou o diretor.

Torelly explicou que o órgão terá categoria 2 da Unesco. Atualmente, de acordo com ele existem apenas seis centros dessa categoria no mundo, um deles fica na China. Ele explicou que os centros de categoria 1 são mantidos pela Unesco e ligados à estrutura administrativa da organização. Os de categoria 2, embora recebam homologação da instituição, não são ligados diretamente às Nações Unidas do ponto de vista administrativo e financeiro.



O órgão terá um conselho diretor formado por representantes do governo brasileiro, especialmente do Ministério da Cultura e do Iphan, assim como da Unesco e dos países integrantes. ;É uma gestão compartilhada, porque todos países devem contribuir para que o fundo possa desenvolver as suas atividades;, disse Torelly.

A proposta de criação do Centro Lúcio Costa vem sendo discutida desde 2008. O órgão vai funcionar no Palácio Gustavo Capanema, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O local foi escolhido porque o país tem a instituição mais antiga de preservação do patrimônio cultural no continente. ;O Iphan tem 76 anos e o Brasil é um país que reúne um conjunto de experiências consideráveis e de certa forma somos uma ponte entre a América Latina e a África;, ressaltou.

Para o diretor do Instituto Nacional do Patrimônio Cultural de Angola, Ziva Domingos, a troca de experiências vai beneficiar países que têm pior condição financeira. ;Certamente alguns desses países não têm condições financeiras nem em termos de experiência profissional. Nós temos que buscar parcerias que possam ajudar esses países mais rapidamente. O centro poderá contribuir na formação técnica e também nos financiamentos;, informou, destacando a importância da formação de quadros de gestores.

O diretor angolano acredita que todos os países representados na reunião desta semana vão oficializar a parceria para a criação do centro no documento que vai ser assinado na próxima sexta-feira (13/9).

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