Jornal Correio Braziliense

Brasil

Nova lei sobre drogas no Brasil divide parlamentares e especialistas

O projeto que altera o sistema nacional de políticas para a área vem sendo discutido há mais de três anos no Congresso



;A aprovação da lei teria efeitos desastrosos [sobre o sistema carcerário] prevendo aumento de pena [mínima para traficantes]. Mas os retrocessos da lei seriam ainda maiores;, disse Alice, ao destacar a permissão da internação involuntária do dependente. ;A reforma psiquiátrica prevê a internação como última opção;, lembrou.

Os psicólogos alertam principalmente para a internação em comunidades terapêuticas. ;Não há problema que elas existam. O grave é tornar esse tipo de equipamento política pública, dotando-o de recursos públicos;, alertou a especialista.

Vitore André Zílio Maximiano, secretário nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, destacou que ;há muitas paixões em jogo; no debate sobre o tratamento de dependentes. Segundo ele, o texto aprovado pela Câmara, que tem o apoio do governo, assegura direitos e limites claros para os casos de internação compulsória (sem autorização do dependente).

;O texto é cópia literal da lei sobre tratamento ambulatorial. Os equipamentos de saúde são prioridades;, disse Maximiano. Pelo projeto, as comunidades terapêuticas apenas acolhem os dependentes de forma voluntária e, como modalidade complementar, fazem a internação no sistema ambulatorial. ;Na [internação] involuntária, o texto traz garantias para o paciente que ingressa em unidade de saúde do SUS [Sistema Único de Saúde] e limites como a comunicação imediata ao Ministério Público e Defensoria Pública e define que, se a família desistir da internação, o médico é obrigado a promover desinternação.;

De acordo com o secretário, o governo apresentou diversas contribuições ao projeto desde 2010 e várias sugestões foram acatadas pelos parlamentares. Para ele, o projeto de lei que será analisado pelos senadores tem avanços signficativos em relação à atual legislação que, por exemplo, ;não estabelece critérios para internação involuntária e tampouco estabelece limite para essa internação;.