Brasil

Rio inaugura unidade com modelo de acolhimento a jovens usuários de drogas

A iniciativa é fruto de uma parceria entre as secretarias de Desenvolvimento Social, de Saúde e de Educação, além da ONG Viva Rio, gestora do projeto

postado em 12/09/2013 16:24
A primeira unidade com novo modelo de acolhimento a crianças e adolescentes dependentes de drogas foi inaugurada nesta quinta-feira (12/9), em Bonsucesso, na zona norte da capital fluminense. O vice-prefeito e também secretário de Desenvolvimento Social, Adilson Pires, explicou que o Projeto Casa Viva vai inaugurar mais cinco unidades em breve, com computadores, acesso à internet, sala de jogos e acompanhamento médico e pedagógico, além de atividades de esporte, lazer e cultura.

;Serão cinco unidades iguais a esta, com capacidade de atendimento para cerca de 100 adolescentes [total], como não ficam todo o tempo no processo de reinseri-los na sociedade, temos a expectativa de, ao longo do ano, atender a cerca de 400 jovens neste modelo de acolhimento;, disse o secretário.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre as secretarias de Desenvolvimento Social, de Saúde e de Educação, além da Organização Não-Governamental (ONG) Viva Rio, gestora do projeto. O diretor executivo e fundador da Viva Rio, Rubem César Fernandes, acredita que o trabalho com adolescentes dependentes de drogas no Brasil é desafiador, pois há poucas experiências voltadas para esse público, mas que a proposta do Casa Viva é inovadora.



;Queremos que aqui seja realmente uma casa de morar. Aqui não é um abrigo, um lugar de confinamento para a pessoa ser obrigada a ficar abstinente. Quando a gente chega perto, vê que cada um é diferente, tem uma história diferente. Por isso, o foco é nas pessoas, uma abordagem personalizada;, disse Fernandes.

A primeira unidade tem vaga para 20 adolescentes entre 12 e 17 anos. Alguns já vivem na casa e participaram da inauguração. O adolescente Alan [nome fictício], 17 anos, que vive em abrigo há mais de dois anos para tratar o vício da cocaína e do crack, elogiou o novo espaço, sobretudo, a sala com computadores e internet e a televisão nova.

;Na outra casa, que era tudo muito quebrada, os jovens ficavam agitados, quebravam o vidro, mas aqui tem muita coisa, vídeo game, sala de jogos. Gosto de tudo;, comentou ele, que não vê a mãe há dois anos, mas disse que pretende vê-la em breve. ;Mas o que mais gosto mesmo é da casa e dos meninos que estão aqui;, completou.

Semanalmente, os meninos debatem sobre a casa, as compras da semana, o cardápio, o orçamento entre outros temas. ;Eles têm um papel ativo, não estão aqui como detentos, apenas consumindo;, disse o diretor do Viva Rio. ;A Casa Viva de Laranjeiras era uma exceção, queremos que ela se torne regra;, comentou ele.

Mãe de um menino de 16 anos que está na casa há um mês, tratando do vício da cocaína, Cristina Gonzaga disse que o projeto tem dado apoio para as crianças e os próprios pais. ;Têm várias atividades, cursos. Aqui tratam ele muito bem, como adolescente, como gente e ele tem ainda mais vontade de ficar. Ele estando bem é bom para nós;, comentou ela.

A cozinheira Sheila da Cruz Fonseca contou que os meninos da casa são comilões e carentes. ;Eles preferem fritura, mas sempre tem legumes no cardápio;, comentou.

Rubem César adiantou que os parceiros estão discutindo a extensão do projeto para preparar os jovens para a maioridade. ;Para que a casa não seja o fim da linha, estamos pensando em repúblicas. [Dar] treinamentos para que esses jovens gerenciem a própria casa ou uma república. O sucesso da recuperação é sair da rua e ter um lugar onde morar;, argumentou ele, que citou programas com esse foco existentes em cidades como Vancouver e Nova York.

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