postado em 17/09/2013 17:53
O Arquivo Nacional, na capital fluminense, sedia até sexta-feira (20/9) a terceira edição do Seminário Internacional o Mundo dos Trabalhadores e seus Arquivos, evento bienal promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pelo Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985) ; Memórias Reveladas. O seminário reúne conferencistas nacionais e estrangeiros e tem como missão promover debates e reflexões sobre a documentação reunida pelos arquivos operários, rurais, sindicais e populares, além de discutir as particularidades que envolvem o tratamento desses acervos.O Direito à Memória e à Verdade é o tema desta terceira edição, que discute, em especial, os esforços de recuperação da trajetória dos trabalhadores durante a ditadura militar no Brasil. A militância, a organização sindical e a repressão, as formas de resistência e de superação daquele período estão sendo abordadas desde ontem (19) em mesas redondas, conferências e exibição de vídeos.
De acordo com Vicente Rodrigues, assessor de coordenação do Centro de Referência das Lutas Políticas do Brasil, há muito o que se fazer sobre esse tema, e não só no que abrange o período da ditadura, mas antes e depois. ;Os acervos que estão sob guarda das entidades federais, estaduais e municipais formam uma documentação enorme. Se nós somarmos a isso os acervos privados, e entre esses, nós podemos dividir entre aqueles que são patronais e os que são das organizações de trabalhadores, a massa documental é ainda maior;, disse.
Uma das preocupações do projeto Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional, é quanto à destruição de documentos referentes aos trabalhadores, em especial os da Justiça do Trabalho. ;Há um exemplo clássico dessa destruição, o de um processo referente a um acidente de trabalho sofrido por um operário que trabalhava em uma metalúrgica do ABC Paulista. Esse operário teve um dedo esmagado por uma prensa. Posteriormente ele se tornou presidente da República;, conta Vicente Rodrigues, a respeito do processo do acidente que vitimou, na década de 1960, o então metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de especialistas brasileiros na organização e preservação de arquivos, o seminário conta com palestrantes do Uruguai, da Argentina, do México e da Itália. ;É interessante trazer para o Brasil a experiência de outros países, não só da América Latina mas também da Europa, onde essa discussão também existe, ou seja, a necessidade de recuperar a história dos trabalhadores;, disse.
O seminário é dirigido a profissionais com atuação na área de arquivos e centros de documentação de organizações de trabalhadores e dos movimentos sociais, a dirigentes e militantes sindicais e a profissionais de arquivos públicos e privados. As discussões também interessam a historiadores, cientistas políticos e sociais, bibliotecários e estudantes.