Brasil

Motorista de ônibus diz que engarrafamento poderia ter evitado acidente

Após desmaio de motorista, coletivo percorre 300 metros sem controle, invade calçada e derruba plataforma, matando uma e ferindo 21 pessoas na Cidade Industrial, em Contagem, Minas Gerais

Pedro Ferreira
postado em 18/09/2013 08:47
Em poucos segundos, um ônibus descontrolado, da linha 3212 (Betim-Belo Horizonte), percorreu, às 7h40 de ontem, mais de 300 metros da Avenida Cardeal Eugênio Pacelli, no Bairro Cidade Industrial, em Contagem, na região metropolitana da capital, invadiu a calçada, destruiu uma plataforma de embarque, matou uma e deixou feridas 21 pessoas que estavam num ponto. O motorista do coletivo, Cláudio Luiz Viana da Silva, de 40 anos, passou mal e desmaiou ao volante, segundo passageiros que o conhecem e o consideram um bom profissional. "Não tenho nenhum problema de saúde. Comecei a me sentir mal na trincheira e quando saí não vi mais nada. Tudo ficou escuro. Já acordei com o povo gritando e o pessoal debaixo do ônibus", contou. O auxiliar de departamento Evandro de Jesus Alcântara, de 45, teve parada cardíaca depois de ser atingido pelo teto da plataforma. Médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tentaram reanimá-lo, mas ele não resistiu e morreu no local. Três mulheres que estavam no ponto ficaram gravemente feridas, ao serem prensadas pelo ônibus contra as ferragens da estação, e foram socorridas em um helicóptero do Corpo de Bombeiros. A plantaforma de metal foi arrancada pela base. Os assentos ficaram retorcidos. Calçados e outros objetos pessoais das vítimas ficaram espalhados pelo chão. O socorro foi demorado e se estendeu até as 8h45. O auxiliar administrativo Tiago Cosme da Silva, de 17, estava no ponto e teve a perna direita ferida e foi socorrido com um colar cervical devido a lesão no pescoço. "O ponto estava lotado de gente. Não tinha nem lugar para a gente sentar. Não deu tempo nem de correr quando o ônibus subiu no passeio e veio em nossa direção. Uma cena horrível, muita gente correndo, gritando, chorando de dor, um desespero total", comentou. A auxiliar administrativo Deiviane Barbosa Rodrigues, de 25, viajava em pé no corredor do ônibus, ao lado do motorista, e disse que o viu desmaiar. "Pego o mesmo ônibus com o motorista todos os dias. Ele é sempre tranquilo, cumprimenta todo mundo e não corre. Pouco antes do acidente, percebi que ele ficou pálido, com a boca embranquecida. Depois, desmaiou sobre o volante", contou Deiviane. Coletivo da linha Betim-BH derrubou estrutura de embarque na Avenida Cardeal Eugênio Pacelli, prensando pedestres contra as ferragens. Passageiro atingido por teto morreu na hora Ainda assustada com o acidente, Deiviane afirmou que o cenário parecia filme de guerra. "Foi horrível, muita gente ferida, um homem babando. Estou aliviada por não ter sofrido nada. Nasci de novo", disse a passageira, lembrando que o ônibus tem 40 lugares e estava lotado, com muita gente em pé. O tenente-coronel Marcos Lara, do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária (PMRv), disse que as causas do acidente serão apuradas. "Os documentos do ônibus e do motorista estão todos regulares", esclareceu o militar. O condutor do coletivo disse que acordou às 4h para trabalhar, que estava descansado e tudo parecia tranquilo antes de passar mal. "Não sei o que aconteceu. Estou bem de saúde. Quando passei mal, o trânsito estava tranquilo. Se tivesse engarrafamento, o estrago seria menor. Teria batido na traseira de outro veículo", comentou. Os feridos foram socorridos no Hospitais de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), na capital, e no Hospital Municipal de Contagem. A mulher do homem que morreu, Fátima Alcântara, contou que ele sempre pegava o ônibus naquele ponto, todas as manhãs, a caminho do trabalho. Até o início da noite, quatro vítimas ainda estavam internadas, mas sem risco de morrer.

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