postado em 22/09/2013 14:22
Lisboa ; As empresas brasileiras com interesse no mercado externo devem olhar Portugal como plataforma logística e de negócios para atingir mais de um continente. A recomendação é do embaixador do Brasil em Portugal, Mário Vilalva, e do empresário Ricardo Lima, do Grupo Camargo Corrêa, responsável por um dos principais investimentos feitos recentemente por brasileiros em Portugal - a compra da fábrica de cimento Cimpor, em 2012.Segundo eles, Portugal interessa aos investidores brasileiros por causa da logística (portos, ferrovias e rodovias); da posição geográfica (parte da Europa mais próxima do litoral brasileiro, do Canal do Panamá e da costa ocidental africana); e da força de trabalho (em média mais escolarizada que os brasileiros e com qualificações especiais para o mercado corporativo).
Algumas dessas vantagens comparativas são ignoradas pelos brasileiros. ;Portugal tem muitas coisas boas que são desconhecidas dos brasileiros;, assinala Ricardo Lima ao recomendar os brasileiros a olharem Portugal além da crise econômica atual e ;não pensar no curto prazo;.
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;O Brasil tem que olhar Portugal estrategicamente;, concorda Mário Vilalva. ;Nós não podemos olhar Portugal através de número de balança comercial ou de pequenos projetos que as empresas brasileiras venham fazer;, pondera o embaixador, ao indicar, por exemplo, que os portos de Portugal com capacidade para grandes embarcações podem receber petroleiros, graneleiros e navios de contêineres para triagem de mercadorias para a navegação de cabotagem no Mediterrâneo e para o Norte da Europa ou para as ligações por terra que dão acesso à Espanha e daí ao resto do continente.
Na opinião de Ricardo Lima, Portugal tem valor singular por causa da África, com maior potencial de crescimento que o velho continente. ;A Europa é uma economia madura com players estabelecidos há bastante tempo;, diz ao apontar a África em expansão e lembrar que os portugueses estão ;há séculos; no continente e têm conhecimento diferenciado para trabalhar e fazer negócios com os africanos, o que ;faz ganhar tempo;.
Conforme o empresário, além da experientes sobre a África, a mão de obra com curso superior em Portugal tem ;altíssimo nível profissional; e melhor fluência em idiomas estrangeiros (inglês, francês e espanhol) do que a média brasileira, além de regras tributárias mais estáveis que no Brasil, maior segurança jurídica e estabilidade nas políticas de incentivo industrial ; o que explica Portugal melhor posicionada (cinco lugares à frente) do que o Brasil no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial.
De Portugal, Lima controla a produção e venda de cimento em nove países (o grupo que representa tem 16 fábricas, inclusive no Brasil) e centraliza compra de insumos para as unidades sediadas em Portugal, na África e na América do Sul.
De acordo com ranking da Fundação Dom Cabral, Portugal é o nono país do mundo e segundo na Europa com maior presença de empresas brasileiras (16 organizações), e a participação poderá aumentar com a privatização de companhias estatais prevista em programa de governo.