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Rede BioFORT se expande para combater deficiência de micronutrientes

Rede existe no Brasil desde 2003 e envolve cerca de 150 pesquisadores de várias unidades da Embrapa, institutos de pesquisa estaduais e federais e universidades

postado em 28/09/2013 11:53
Magé e Pinheiral são os novos municípios fluminenses que aderiram à Rede BioFORT, liderada pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, para implementar ações de biofortificação de alimentos no estado. A Rede BioFORT existe no Brasil desde 2003 e envolve cerca de 150 pesquisadores de várias unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), institutos de pesquisa estaduais e federais e universidades. A Embrapa Agroindústria de Alimentos está sediada no Rio.

O projeto piloto no estado começou no município de Itaguaí e a ideia é avançar pelo interior. Ainda este ano, a cidade de Rio das Ostras deverá se tornar também parceira do programa.

O vice-coordenador da Rede BioFORT, José Luiz Viana de Carvalho, disse à Agência Brasil que um acordo que será firmado com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro (Emater/RJ) permitirá expandir o projeto para outros municípios. ;Porque o que falta para a gente é ter sempre terra. A gente precisa de parceria para trazer o município interessado para dentro do projeto e conseguir manejar isso de forma mais profissional;, acrescentou.

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Utilizando a técnica de melhoramento genético convencional, ou seja, o cruzamento de plantas da mesma espécie, os pesquisadores conseguem obter cultivares com maiores teores de zinco, ferro e pró-vitamina A, que combatem a deficiência de micronutrientes no organismo. Em Magé e Pinheiral, o projeto está sendo iniciado com cultivares de feijão e batata doce.

O pesquisador da Embrapa informou que um dos principais objetivos do projeto é fortalecer tanto a merenda escolar quanto a agricultura familiar. De acordo com a regra em vigor, as prefeituras devem adquirir 30% dos alimentos destinados à merenda escolar da agricultura familiar. Para isso, é preciso que esses agricultores tenham uma produção constante, o que ainda não ocorre. ;É um passo de cada vez que a gente vai dando;, disse Carvalho. ;Por isso é que a gente tem que estar sempre com um parceiro que possa suprir essa questão da produção do material. Tem que ter alguém para a produção da semente, para que ela possa virar grão;.

Em Pinheiral, por exemplo, serão distribuídas ramas de batata doce, para que a prefeitura faça uma unidade de multiplicação, a fim de suprir os produtores locais para que deem seguimento ao projeto. A Embrapa faz o acompanhamento de todo o processo, inclusive medindo o interesse e a satisfação dos próprios agricultores diante dos resultados obtidos. ;Porque, por mais nutrição que tenha esse produto, o agricultor não vende zinco, nem ferro. Ele vende quilo por hectare;, ressaltou. O que a Embrapa faz é acrescentar ao produto a parte nutricional.

Itaguaí, por exemplo, já tem, desde 2010, uma Unidade Demonstrativa de Cultivos Biofortificados instalada na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca. Juntamente com as escolas municipais parceiras da Rede BioFORT, essa unidade já atende a cerca de 20 mil crianças da região, informou a assessoria de imprensa da Embrapa.

A deficiência de micronutrientes, conhecida como ;fome oculta;, afeta uma em cada três pessoas no mundo. Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) revelam que somente a deficiência de vitamina A atinge 30% da população infantil global. No Brasil, esse número é 13%. José Luiz Viana de Carvalho informou que o maior problema no Brasil, entretanto, é representado pelo baixo teor de ferro e zinco.

Ele estimou que pelo menos 30% dos brasileiros têm algum tipo de deficiência nutricional. ;De alguma forma, a gente ainda tem problema de anemia, até por alimentação errada;. Carvalho criticou o vício do lanche rápido, em substituição ao tradicional jantar, entre as famílias. ;É aquela pizza, aquele cachorro-quente;.

A escolha de cultivares com maiores teores de ferro, zinco e pró-vitamina A se deu porque, segundo Carvalho, ;essas são as maiores carências mundiais em relação à fome oculta;. Outra seria a carência de iodo, ;mas esta já está sendo bem atendida pelo programa do sal, que deu muito certo no mundo;, lembrou o pesquisador.

No Brasil, os estados que apresentam maior carência nutricional são o Maranhão e Sergipe. Por isso, eles foram os primeiros a receber os projetos de alimentos da Rede BioFORT. As ações já se expandiram para o Piauí, Minas Gerais e o Rio de Janeiro e começam a entrar também no Espírito Santo. ;Vamos montando parcerias e vamos abrindo (o leque);, explicou Carvalho. A RedeBioFORT está presente ainda em cerca de 40 países da América Latina, do Caribe, da África e Ásia. ;É uma grande aliança mundial;, disse.

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