Brasil

Estudantes da USP ocupam prédio em protesto contra a contaminação do solo

Os alunos também reivindicam a instalação de uma estatuinte para discutir o afastamento da direção do campus

postado em 03/10/2013 13:47
São Paulo - Estudantes da Universidade de São Paulo do Campus Ermelino Matarazzo (conhecido como USP Leste) em greve ocupam desde a noite de quarta-feira (2/10) o prédio da administração da unidade. Eles cobram uma solução para o problema de contaminação do solo local, que concentra gás metano proveniente do descarte do desassoreamento do Rio Tietê. Os alunos também reivindicam a instalação de uma estatuinte para discutir o afastamento da direção do campus. Professores e servidores também paralisaram as atividades desde o dia 10 de setembro. A estatuinte é o processo de produção do estatuto de uma universidade com a participação da comunidade acadêmica. Os estudantes querem alterar o documento para permitir a destituição dos dirigentes.

[SAIBAMAIS]"A questão da contaminação foi o estopim, mas existe um acúmulo de desgaste com essa direção", justificou uma das estudantes, que não quis se identificar. A assessoria de imprensa da USP Leste informou que a diretoria não irá se pronunciar sobre a questão. De acordo com os estudantes, há consenso entre a comunidade acadêmica, que inclui professores e servidores, de não reconhecer a atual diretoria. Os alunos explicaram que a ocupação do prédio ocorreu porque o diretor em exercício, Edson Leite, convocou uma reunião com coordenadores de pós-graduação. "Não achamos legítimo ele convocar essa reunião, já que a comunidade acadêmica não o reconhece no cargo", justificaram.


Segundo os estudantes, uma reunião com a comissão de greve estava marcada para hoje à tarde, mas foi cancelada com a justificativa de que não haveria clima político para o encontro. Os estudantes disseram que a continuidade da ocupação é avaliada periodicamente em reuniões, mas não há previsão de encerrá-la. A professora de ciências da natureza e gestão ambiental Adriana Tufaile, que integra a diretoria da Associação dos Docentes da USP (Adusp), informou que, depois de deflagrada a greve, houve avanço no acesso às informações sobre o caso de contaminação do terreno. "Nós tínhamos uma pequena noção do problema, mas não tínhamos informações suficiente. A gente já conseguiu a maioria e vimos que a situação é grave. Há risco", informou.

A USP Leste obteve licença ambiental de operação em novembro do ano passado, mas a universidade deveria fazer adequações. No dia 2 de agosto, a unidade foi autuada pela Cetesb por descumprimento de 11 exigências. Uma delas trata justamente do sistema de extração de gases do subsolo. Segundo o auto de infração, a presença do gás metano torna o solo ;impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;. Procurada pela Agência Brasil, a Cetesb não confirmou o prazo, que terminaria nesta quinta-feira (3/10) para cumprimento dessa exigência, e informou que deve divulgar uma nota até o final da tarde. A assessoria de imprensa da universidade informou que aguarda uma posição da Superintendência de Espaço Físico da USP, que é o órgão interno responsável por fazer as mudanças exigidas pela Cetesb e negociar prazos. Passados 60 dias da notificação da companhia, no entanto, não houve instalação do sistema de extração de gás, assim como não foi retirada nenhuma quantidade de solo da área.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação