postado em 03/10/2013 14:41
Vinte e três agentes da Vigilância Sanitária Municipal da capital fluminense foram presos durante uma operação da Polícia Civil deflagrada na manhã desta quinta-feira (3/10) para desarticular um esquema de extorsão a comerciantes. Cerca de 200 policiais estão nas ruas para cumprir 30 mandados de prisão e 52 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do Rio. Os fiscais são acusados de cobrar propina de comerciantes para não aplicar multas ou identificar irregularidades. Segundo a polícia, a quadrilha movimentava cerca de R$ 5 milhões por ano.Os agentes da Polícia Civil já apreenderam mais de R$ 1 milhão em espécie, documentos que comprovam o esquema, duas espingardas, um revólver e munições. A maior apreensão foi feita em Campo Grande, na zona oeste do Rio, onde foram encontrados R$ 800 mil em um sítio. O delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco-IE), Alexandre Capote, disse que os presos que têm ensino superior serão encaminhados para o Complexo Penitenciário de Bangu, também na zona oeste.
Segundo o delegado, um veterinário, suspeito de ser o chefe da quadrilha, viajou para o exterior há algum tempo e ainda não foi encontrado. ;O esquema criminoso não era muito elaborado porque eles tinham a certeza da impunidade. Só que eles se enganaram. Esse esquema é identificar os comércios, apontar irregularidades e não permitir que os comerciantes consigam sanar essas irregularidades de uma forma prevista na lei. E, quando não encontravam irregularidades, eles inventavam. Eles criavam uma dificuldade para vender uma facilidade.;
Alexandre Capote disse ainda que o valor da multa aplicada pelos fiscais variava de R$ 150 a R$500. ;A concussão, que é uma forma de exigir vantagens em função do seu cargo, variava de acordo com a irregularidade. Eles aplicavam um conjunto de fatores que apontavam para um valor que eles definiam. O valor [cobrado] de um estabelecimento, que gastou uma fortuna para tentar solucionar um problema no ar-condicionado, era R$ 400 mensais;.
Os 30 acusados do esquema de extorsão já foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público Estadual. Vinte e sete são fiscais da Vigilância Sanitária do Rio, um é gari da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) e um é o proprietário de uma empresa. Entre os denunciados, há também um sócio administrador de uma empresa de arquitetura.
A Polícia Civil informou que as investigações foram iniciadas há dois anos, após uma denúncia feita pela Secretaria Municipal de Saúde. A quadrilha instituía um valor que, independente de irregularidade, tinha de ser pago pelos comerciantes. Caso contrário, eram aplicadas multas.
Participam da operação a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a Primeira Central de Inquéritos do Ministério Público do Rio de Janeiro, e a Subsecretaria Municipal de Vigilância Sanitária.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que está colaborando com as investigações, para que os responsáveis sejam identificados e punidos.