Brasil

Denúncias de tráfico de mulheres crescem 1.547% no primeiro semestre

O aumento das denúncias está relacionado ao impacto das campanhas e possibilitou o desbaratamento de quadrilhas que traficavam brasileiras

postado em 07/10/2013 18:32
O número de denúncias de tráfico de mulheres no país teve aumento de 1.547% no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2012. Nos meses de janeiro a junho, o canal de atendimento Ligue 180 recebeu 263 denúncias, das quais 173 sobre casos internacionais e 90 no Brasil. Em 34% dos registros, havia risco de morte da vítima. Os dados fazem parte do balanço semestral divulgado nesta segunda-feira (7/10) pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.

De acordo com a ministra Eleonora Menicucci, o aumento das denúncias está relacionado ao impacto das campanhas e possibilitou o desbaratamento de quadrilhas que traficavam brasileiras. O levantamento apontou que a maior parte das denúncias foi feita pela mãe da vítima. As denúncias revelaram exploração sexual, de trabalho, remoção de órgãos e adoção.



;O aumento é assustador, mais de 1500%. Em 2012, foram apenas 17 denúncias;, disse a ministra. Nos 90 casos denunciados de tráfico de pessoas dentro do país, 64 eram sobre exploração sexual, 25 exploração de trabalho e uma de adoção.

O serviço Ligue 180, que recebe denúncias de violência contra a mulher e também orienta sobre direitos, atende a 56% dos municípios. De janeiro a junho deste ano, foram registrados 306.201 atendimentos, como em todo o país. Os 50 municípios que mais acessaram o canal têm até 20 mil habitantes.

;Isso significa a interiorização do Ligue 180 e torna visível a violência contra as mulheres. O conhecimento está chegando nos grotões do país, está nos dizendo que também há violência contra as mulheres no interior do país;, avalia Eleonora Menicucci.

No primeiro semestre, as cidades de Gabriel Monteiro (SP), Rio Doce (MG) - ambas com menos de 3 mil habitantes - e o estado do Amapá lideram o ranking de ligações, com pedidos de informações sobre os direitos das mulheres e denúncias. Nas áreas rurais, foram feitos 2 mil atendimentos, referentes a quase 7% dos relatos.

O quadro das denúncias aponta que mais de 80% dos relatos de violência, o agressor era o companheiro, cônjuge ou ex-namorado da vítima. Em quase 20% dos casos, a relação tinha entre cinco e dez anos. Segundo as usuárias do canal, os primeiros atos de violência apareceram no início do relacionamento. A prática diária da violência foi constatada em quase metade dos casos.

Desde a criação do canal, em 2006, já foram registrados mais de 3,3 milhões de atendimentos. Neste período, das chamadas recebidas pelo Ligue 180, mais de 470 mil pediam informações sobre a Lei Maria da Penha. A ministra defendeu a lei e argumentou que a precisa ser mais divulgada.

;A lei é um sucesso, ela tem que ser aperfeiçoada na sua implementação. A lei veio para ficar e agregou outros instrumentos de defesa da mulher;, disse. "Enquanto não tivermos uma rapidez, continua a mesma situação. A mulher vai à delegacia, pede que a medida protetiva. Quando essa medida chega, a mulher já morreu. Temos feito parcerias com os tribunais dos estados para acelerar esse processo. O instrumento legal da medida protetiva é fundamental", completa.

De acordo com a ministra, ainda não há dados consolidados sobre a solução das denúncias registradas no canal. Para aperfeiçoar o serviço, a pasta vai insvetir R$ 25 milhões até o final de 2014 no processo de alteração do canal para Disque 180. As denúncias serão redirecionadas para o Ministério Público, a Polícia Civil e Militar ou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O novo sistema deve começar a funcionar em dezembro deste ano.

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