Brasil

Médicos protestam no Rio contra Medida Provisória que cria Mais Médicos

O presidente do sindicato dos médicos, Jorge Darze, criticou também o pagamento dos estrangeiros em forma de bolsa

postado em 08/10/2013 17:18
Representantes do Sindicato dos Médicos e do Conselho Regional de Medicina do Rio fizeram manifestação nesta terça-feira (8/10) em frente à sede do Ministério da Saúde, no centro da cidade, para protestar contra a Medida Provisória (MP) 621/2013. A MP que criou o Programa Mais Médicos deve ser votada nesta terça-feira (8/10) ou na quarta-feira (9/10) na Câmara dos Deputados.

A principal crítica dos manifestantes refere-se à dispensa de validação do diploma dos médicos estrangeiros e à retirada da autonomia dos conselhos regionais de medicina para conceder o registro profissional a médicos estrangeiros. O presidente do sindicato dos médicos, Jorge Darze, criticou também o pagamento dos estrangeiros em forma de bolsa.

;A forma de remuneração é uma fraude ao contrato de trabalho. Bolsa é dedicada à pesquisa, a quem está em processo de aprendizado. Isso é um blefe, os médicos estão vindo para atender a população;, disse ele. ;Não somos contra a vinda dos médicos, mas com diploma validado;, completou.

Os manifestantes também criticaram o serviço obrigatório da residência médica para os recém-formados, visto que o treinamento deles não está previsto no Programa Mais Médicos.



Darze argumentou que é necessário criar uma carreira para os médicos brasileiros, para solucionar o problema da falta de profissionais no serviço público, principalmente no interior e lugares distantes dos centros urbanos.

;Ninguém vai para o interior com uma bolsa, sobretudo, com prazo de duração de três anos, em uma situação instável de contratação;, disse Darze, ao afirmar que não faltam médicos no país, mas condições trabalhistas.

;Temos 400 mil médicos no Brasil, mas não há políticas públicas para fazer a distribuição regular dos profissionais. Não pagam salários descentes. Muitas prefeituras oferecem salários significativos, pagam o primeiro mês, pagam o segundo, mas não pagam o terceiro mês;, disse o sindicalista.

Presidente do conselho regional, Sidnei Ferreira defendeu uma política nacional de saúde, que promova concursos públicos e garanta salários dignos, vínculo empregatício, plano de cargos, carreira e vencimentos.

;Se eles podem pagar R$ 10 mil de bolsa [por 20 horas semanais], por que não podem pagar R$ 10 mil de salário por 20 horas, que é o que propusemos em um encontro nacional de entidades médicas?; questionou ele, ressaltando que o salário para médicos no estado do Rio varia de R$ 2 mil a R$ 3 mil por 20 horas semanais.

O Ministério da Saúde informou, por meio da assessoria de comunicação, que não comentaria as críticas feitas pelos médicos, mas que ;nenhum interesse pode se sobrepor ao interesse dos mais de 200 milhões de brasileiros que dependem de serviço de saúde de qualidade;. Para o ministério, ;o Programa Mais Médicos é um amplo pacto de melhoria de atendimento aos usuários dos Sistema Único de Saúde, para acelerar e ampliar os investimentos em infraestrutura e levar médicos às regiões onde há escassez de profissionais;.

Ainda segundo a assessoria, o ministério procura diálogo com as entidades médicas com o intuito de discutir propostas ao enfrentamento da falta e da má distribuição de médicos no país.

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