Brasil

Terras de fazenda que motivaram morte de promotor rendem R$ 1 milhão ao ano

Uma dívida trabalhista da antiga proprietária, Maria das Dores Ubirajara Tenório, fez com que as terras fossem leiloadas

Diário de Pernambuco
postado em 16/10/2013 17:19
Nas terras da Fazenda Nova há uma fonte de água mineral
O motivo da disputa de terras que, segundo a Polícia Civil de Pernambuco, culminou com a morte do promotor Thiago Faria se deve à existência de uma fonte de água mineral no local que renderia cerca de R$ 1 milhão por ano. A informação foi repassada pelo secretário de Defesa Social, Wilson Damazio, na manhã desta quarta-feira, na sede da Secretaria de Defesa Social, no Recife. A área foi adquirida em leilão pela advogagda Mysheva Martins, noiva do promotor assassinado, em outubro do ano passado - quando eles ainda não se conheciam. Na ocasião, ela desembolsou por R$ 100 mil pela propriedade.



As terras, que somam 25 hectares e fazem parte de uma fazenda que originalmente tinha 1.800 hectares, foram leiloadas por conta de uma dívida trabalhista da antiga proprietária, Maria das Dores Ubirajara Tenório, que faleceu aos 95 anos, em 2006. A área passou por inventário para ser dividida entre dez herdeiros, entre eles a mulher de José Maria Pedro Rosendo, conhecido como Zé Maria de Mané Pedo, que está sendo apontado como mandante do crime e é procurado pela Polícia.

[SAIBAMAIS]Thiago Faria, de 36 anos, foi morto na segunda-feira dentro de seu carro com tiros de espingarda 12. No veículo, também estava a noiva dele e filha do prefeito de Itaíba - comarca onde o promotor atuava - Mysheva Freire Martins e o tio dela, Adautivo Martins, que escaparam ilesos do atentado.

Thiago Faria assumiu o cargo em Itaíba em dezembro do ano passado, em meio ao cenário de embate pela terra que se arrastava havia sete anos, iniciada após a morte de Maria das Dores Ubirajara. Depois da aquisição das terras por Mysheva, José Maria Pedro Rosendo, um dos ocupantes da área, chegou a questionar a validade do leilão na Justiça, mas perdeu a causa.

Em junho, José Maria foi obrigado a deixar o lugar por força de uma imissão de posse em favor da advogada na qual o promotor teria atuado nos bastidores. De acordo com as investigações, ele também teria pedido ajuda do tio da noiva, Claudiano Martins, para negociar a saída de José Maria das terras. As mesmas fontes da Polícia afirmaram que o promotor assassinado também teria denunciado José Maria por crime ambiental na fazenda, onde fica parte de uma reserva ambiental.

Em meio às últimas atividades do promotor, que estava em período probatório, a corregedoria fez uma inspeção na comarca quando descobriu que havia um grande número de processos nos quais Thiago Faria alegava suspeição pelo fato de envolverem interesses de parentes da noiva. Por esse motivo, o promotor seria removido para Jupi, por determinação do MPPE.

O crime aconteceu na manhã da última segunda-feira, na PE-300. Thiago seguia de Águas Belas com a noiva e um tio dela para Itaíba quando, na altura do KM-15, dois homens ocupando um Corsa trancaram o veículo do promotor, um Hyundai IX35, e fizeram os primeiros disparos. Em seguida, voltaram e executarm Thiago, atingido com quatro tiros, provavelmente de calibre 12, no rosto e no pescoço.

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