A retirada de quase 200 cachorros da raça beagle de um laboratório em São Roque (SP) abriu espaço para discussões em torno dos direitos dos animais no Brasil e a verdadeira necessidade de utilizá-los em pesquisas científicas. De um lado, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) defende aguerridamente a empresa invadida por ativistas na madrugada do último dia 18. O Instituto Royal, de acordo com a pasta, cumpria à risca as normas preconizadas pela legislação brasileira para os testes com bichos. Do outro lado, ONGs e parlamentares solicitam mudanças urgentes para que o país deixe de utilizar as cobaias, sobretudo na produção de cosméticos ; realidade em Israel, na Índia e em toda a União Europeia, que sequer permitem a importação de produtos testados em bichos.
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[SAIBAMAIS];Vamos fazer um pedido oficial ao ministro pelo fim dos testes com animais;, anunciou o coordenador da Frente Parlamentar em defesa dos animais, Ricardo Izar (PV-SP). Ele e outros deputados participaram de ato da campanha Liberte-se da crueldade, iniciativa internacional de combate ao uso de animais em testes para o desenvolvimento de cosméticos. Ciente das dificuldades de negociar com a pasta que representa a comunidade científica do país, ponderou que ;no Brasil, tudo tem que ser feito de forma gradual;.
No MCTI, no entanto, o discurso é de manter a legislação como está. ;Essa invasão (do instituto) é um crime, foi feita à revelia da lei;, definiu ontem o ministro Marco Antônio Raupp, antes de participar de uma audiência pública na Câmara dos Deputados. De acordo com ele, o mundo todo realiza procedimentos com animais e a ciência não pode abandonar a prática, caso queira continuar a desenvolver novos medicamentos.
Os métodos alternativos, que dispensam os usos de cobaias, podem ser a chave para que as partes entrem em acordo. Helder Constantino, coordenador da campanha Liberte-se da crueldade, cita o Human Brain Project (Projeto Cérebro Humano), encampado pela União Europeia, a um custo de aproximadamente 1 bilhão de euros (cerca de R$ 3 bilhões). ;O projeto prevê a simulação do funcionamento do cérebro humano, o que dispensa o uso de macacos, muito presentes nos estudos da área;. ;Nosso trabalho é cobrar do governo um investimento público maciço para desenvolver esses métodos;, defende Simone Lima, coordenadora da Proanima, ONG do Distrito Federal que trabalha na defesa dos animais.
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