postado em 04/11/2013 06:05
Divergências internas do Procure Saber, um grupo informal de grandes estrelas da música brasileira, enfraqueceram o discurso contrário à publicação de biografias no Brasil sem restrições. Ao longo das últimas quatro semanas, eles vinham defendendo a manutenção do Código Civil tal como é hoje, que dá aos biografados o poder de censurar as obras. O posicionamento enfático ; que rendeu o estigma de censores a ícones da luta contra a ditadura, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque ; deu lugar a um tom mais moderado nas duas últimas semanas, com a divulgação de um vídeo capitaneado por Roberto Carlos. Na gravação, o Rei, Erasmo Carlos e Gil pediram desculpas por não terem sido claros nas primeiras declarações, disseram-se a favor de biografias não autorizadas, mas mantiveram a opinião de haver limites.
Uma semana se passou sem que qualquer integrante do Procure Saber explicasse por que os outros participantes da associação não participaram do vídeo. O silêncio mantido pelos artistas, que alimentou as especulações em torno de um possível racha, foi rompido por Caetano Veloso. Em sua coluna no jornal O Globo, o cantor alfinetou o Rei, que tomou a frente nas movimentações do grupo. ;Roberto Carlos só apareceu agora, quando da mudança de tom. Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei;, disse. Caetano desautorizou ainda o advogado que vem falando pelo Procure Saber, ao destacar que ele é defensor apenas de Roberto Carlos. O cantor também criticou a contratação de um administrador de crises que teria aconselhado a associação a se desfazer, bem como a interpretação de que o grupo tenha mudado de posição, ao declarar a ;inutilidade do novo discurso moderado;.
Para quem vem acompanhando o debate de perto, caso do biógrafo de Roberto Carlos, Paulo Cesar de Araújo, as últimas declarações de Caetano demonstram conflitos internos. ;Eles estão batendo cabeça, tentando usar uma argumentação que não se justifica. Disseram que são contra a censura, que concordam com a publicação de biografias não autorizadas, mas com ajustes, com ressalvas. Sempre tem um porém. E também não dizem exatamente quais são esses ajustes;, critica Araújo, autor de Roberto Carlos em detalhes, censurado desde 2007. A defesa de Roberto Carlos confirmou que não trabalha para o Procure Saber, mas que, convidada pelo cantor, participou de uma reunião do grupo, em que Caetano estava presente. No encontro, teria sido acertado um novo rumo de atuação, com a anuência de todos.
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