Brasil

Preso com mais de uma tonelada de maconha em Minas é filho de ex-jogador

A droga foi apreendida em uma operação do Departamento Antidrogas da Polícia Civil, que resultou ainda na captura do dono das drogas, que cumpria prisão domiciliar

Thiago Lemos
postado em 27/11/2013 10:24
O envolvimento em um grande esquema de tráfico de drogas levou para a cadeia o filho do ex-atacante João Bosco do Santos, conhecido como Buião, um dos artilheiros do Clube Atlético Mineiro na década de 1960. Juliano Barros Vercesi dos Santos, de 32 anos, usava o sítio da família, em Vespasiano, na Grande BH, para esconder mais de uma tonelada de maconha, 37 quilos de cocaína, armas e objetos usados por um narcotraficante no comércio dos entorpecentes. O material foi apreendido em uma operação do Departamento Antidrogas da Polícia Civil, que resultou ainda na captura do dono das drogas, que cumpria prisão domiciliar, e do braço direito dele.

Rildo, Flavian e Buiãozinho foram apresentados na terça-feira (26/11) juntamente com a droga apreendida
Foram necessários oito meses de investigação da 1; Delegacia Especializada até a polícia conseguir deter o narcotraficante Rildo Luiz Dias, de 42 anos. Segundo o delegado Márcio Lobato, chefe do Departamento Antidrogas, Dias era considerado um dos maiores traficantes atacadistas que atuavam na Grande BH. Os levantamentos da polícia apontaram que os entorpecentes pegos com ele vinham do estado do Mato Grosso e depois eram vendidos fracionados a traficantes de Minas. "Ele era traficante de um nível maior e, portanto, não tinha bocas de fumo. Agia como um empresário", explica Lobato.

Ainda de acordo com o delegado, Rildo já atua no tráfico desde 1995 e a prisão dele foi difícil porque o criminoso mantinha negócios legais como fachada. Além disso, ele raramente se expunha, tinha uma rede de comparsas para a aquisição das drogas muito segura e todas as negociações em Minas eram executadas por um braço direito.

Dias e os comparsas foram presos na última quinta-feira quando a Polícia Civil descobriu que o narcotraficante estava para receber um carregamento de drogas e que os entorpecentes seriam armazenados em um sítio no Bairro Santa Clara, em Vespasiano. Diante da informação, foi montada a Operação Alfa e a propriedade foi vistoriada. O primeiro a ser pego foi Juliano, conhecido como Buiãozinho. Durante buscas na propriedade foram encontradas dentro de um caminhão roubado 1.222 quilos de maconha, além da cocaína, duas pistolas 9 mm, uma balança de precisão industrial e uma máquina para contar dinheiro. Essa foi a maior apreensão de tóxicos feita pelo Departamento Antidrogas neste ano.



Juliano confessou o crime e disse que tinha a função apenas de guardar o caminhão com as drogas. Quando os policiais ainda estavam no sítio tiveram uma surpresa incomum: o dono do material e o braço direito dele chegaram ao local e foram presos em flagrante. "Acreditamos que ele foi lá provavelmente para conferir o carregamento que havia chegado na noite anterior. Foi o dia de sorte da polícia", comemora Lobato.

Ainda segundo o delegado, a droga teria vindo do Mato Grosso escondida no fundo falso de outro caminhão e o transbordo ocorreu no sítio. No local a polícia ainda encontrou seis carros, alguns de luxo e também roubados. Os veículos estavam com placas clonadas.

Além de Rildo, que por cumprir prisão domiciliar usava tornozeleira eletrônica, foi preso Flavian Dias de Souza, de 25. Souza é apontado como o braço direito do narcotraficante e teria a função de fazer o contato com os traficantes de Minas Gerais . Dos três detidos, apenas Rildo tem passagem na polícia. Todos os envolvidos foram apresentados ontem.

Fachada

De acordo com o delegado Júlio Wilke, que comandou a operação, Rildo passou os últimos dois anos no regime semiaaberto na Casa do Albergado João Pessoa, no Bairro Santa Cruz, Região Nordeste de Belo Horizonte, mas deixava o local para trabalhar e só retornava à noite. Durante o período da pena, ele continuava os negócios no tráfico, mas mantinha duas autoescolas, uma na capital e outra em Sabará, na Grande BH, para lavar o dinheiro arrecadado de forma ilícita. Desde junho Rildo estava em regime de prisão domiciliar e era monitorado por uma tornozeleira eletrônica. Ainda segundo Wilke, os traficantes que revendiam a droga de Rildo também serão alvo de investigação.

Em relação à lavagem de dinheiro, as investigações ficarão à cargo de outra equipe da Civil. Para o delegado Márcio Lobato, há indícios de que o traficante fazia a lavagem do dinheiro. "Ele possui empresas que dava ares de legalidade a sua prosperidade. Mas, na verdade, o narcotráfico era a sua atividade mais rentável e ele mantinha há muitos anos atividade de tráfico acobertada por essa atividade lícita", diz Lobato.

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