Brasil

Site usado por mãe que doou bebê em Minas está na mira da polícia

Renata Soares da Costa usou página na internet para discutir a entrega do filho ao casal de adolescentes cariocas

Juliana Ferreira
postado em 27/11/2013 13:10
Um site está na mira da Polícia Civil do Rio de Janeiro por indícios de incentivo à adoção ilegal, segundo o delegado adjunto da Delegacia Anti-Sequestro, Eduardo Soares. A página virtual teria sido usada por Renata Soares da Costa para discutir a entrega do filho ao casal de adolescentes cariocas. Segundo o policial, o site mantinha a frase ;;Não entre em fila de adoção;;, que, para ele, induz à prática criminosa. Uma cópia do site com a frase foi juntada ao auto de apreensão de adolescente por prática de ato infracional, encaminhado à Justiça, à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informativa do Rio de Janeiro e à Polícia Civil mineira.

Johney Santos, pai do bebê: Não posso virar as costas para Renata, que pode estar com distúrbio;;A adoção precisa de um processo e existe uma fila. É preciso se inscrever no Juizado (da Infância e Juventude), as famílias são analisadas e tudo deve passar pela Justiça;;, informou o delegado. Ele solicitou à delegacia de crimes de internet para identificar os responsáveis e a localização da hospedagem da página.

O entendimento da polícia do Rio, no entanto, ainda não é o mesmo de Minas. Em fase de análise das conversas trocadas por e-mails entre Renata e a adolescente, policiais mineiros ainda não encontraram dado concreto que prove o envolvimento dos responsáveis pela página na prática de crimes. ;;São 97 folhas com as trocas de e-mails. Tudo está sendo analisado. Em caso positivo, o site será investigado;;, afirmou o chefe do Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp), Wanderson Gomes. A princípio, a página foi vista apenas como espaço de orientação no processo de adoção e foi usada pelas duas mulheres como forma de contato para a doação da criança.

O casal de adolescentes que veio a BH de táxi no sábado para buscar o bebê foi apresentado ontem à Vara da Infância e Juventude do Rio, onde participou de audiência. Até o início da noite, no entanto, eles ainda não haviam sido liberados. A avó da jovem disse que está arrasada e que a neta não sequestrou a criança.



O delegado Eduardo Soares explicou que os adolescentes podem responder por ato infracional com base no artigo 237 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O texto trata da subtração de incapaz para colocação em lar substituto. Eles poderiam ser punidos com a determinação de cumprimento de medida socioeducativa ou serem levados para centros de internação de menores.

[SAIBAMAIS]Tráfico

Ambas as polícias não vêem na negociação para entrega do bebê indícios de envolvimento com tráfico de crianças. ;;Não foi constatado nos mais de 20 e-mails trocados entre a mãe biológica nenhuma negociação sobre valores. O casal também nega que tenha pago. Apenas disseram que queriam uma criança e que pagaram R$ 1 mil a um taxista para buscá-lo em Minas;;, disse Eduardo.

Nas conversas eletrônicas iniciadas em outubro, Renata chegou a dizer à adolescente que queria doar o filho, mas que não poderia revelar o motivo. Também pedia para que a garota cuidasse bem da criança. Em um dos últimos e-mails combinaram o encontro na rodoviária, dizendo a cor das roupas com que estariam.

Depressão pós-parto

A depressão pós-parto atinge 10% das mulheres e leva ao afastamento do convívio social e familiar. Pode ser percebida por dificuldades na amamentação e é relacionada com o histórico de doenças psiquiátricas na família. O tratamento é feito com terapia e, em casos mais graves, medicação. O processo, às vezes, pode passar despercebido por parentes, até chegar a uma situação extrema. Se não tratada, a depressão pós-parto pode levar a mãe a desprezar o bebê. Um dos problemas que dificulta a identificação da doença é a rotina de cuidados com a criança nos primeiros meses, como choro excessivo, noites mal dormidas e cansaço da mãe.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação