postado em 30/11/2013 19:59
Rio de Janeiro - Um dos cartões-postais mais cariocas, a Praia do Arpoador, em Ipanema, zona sul da cidade, foi palco hoje (30) de manifestações artísticas para denunciar a violência policial e refletir sobre as relações humanas. Em uma das performances, 100 quilos de beterraba desidratada foram despejados na praia e coloriram o mar de vermelho em referência à "falta de amor".A intervenção fez parte projeto Somos Todos Amarildo e de mais uma edição do Alalaô, iniciativa que tradicionalmente faz intervenções artísticas no Arpoador. A atividade de hoje reuniu onze artistas no fim da tarde.
[SAIBAMAIS]Ao som de marchinhas que se consolidaram nas manifestações de julho, Ronald Duarte espalhou com ajuda de voluntários a beterraba desidratada na praia, para cobrar mais amor nas relações humanas. ;É o que a gente mais precisa contra toda a violência que estamos vendo aí", disse.
Em seguida, um grupo que vestia ;blockini;, um espécie de roupa de banho que tampa completamente o rosto, mas deixa partes do corpo a mostra, tomou um banho no mar vermelho, mesmo sob chuva. As peças são de autoria da artista plástica Celina Portella, que pretendia estimular a reflexão sobre identidade e sexualidade. ;O que significa cobrir o rosto em um determinado contexto? Ser do Black Block ou de uma religião?;, provocou.
Para lembrar as dez vítimas de uma intervenção policial no Complexo da Maré, em junho, a artista Laura Taves espalhou placas com os números de mortos por auto de resistência (morte em confronto com a polícia) no estado nos anos de 2003 e 2013, 1.195 e 9.907, respectivamente. A proposta era questionar assassinatos cometidos por policiais.
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;O auto de resistência é um nome que a PM [Polícia Militar] deu para mascarar as execuções cometidas por policiais;, disse. ;Foi criada na época da ditadura para justificar mortes sem legítima defesa das vítimas, como tiros pelas costas;.
Já um grupo de artistas representado por Joana Cseko fez lambe-lambes gigantes com imagens de pessoas desaparecidas. Batizada de Desaparecidos da Democracia no Rio de Janeiro, a instalação escolheu casos que têm em comum o envolvimento da PM.
No caso famoso mais recente, o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, sumiu depois de prestar depoimento em uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Rocinha e policiais são acusados de terem torturado o ajudante de pedreiro até a morte. Os PMS aguardam presos o julgamento. Para lembrar o caso Amarildo, foram distribuídas máscaras com o rosto do pedreiro.