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Brasil está baixo da média no ensino mundial; asiáticos lideram ranking

Brasil e México estão entre os seis países cujos alunos melhoraram em matemática ininterruptamente a cada ano desde 2003, com os brasileiros apresentando o crescimento mais alto entre todos os países

Londres - Os estudantes do ensino médio de cinco territórios asiáticos lideram os resultados do relatório Pisa publicado nesta terça-feira (3/12), que avalia os conhecimentos em matemática, ciências e leitura no ensino médio e no qual os brasileiros apresentam melhora, ainda que com resultados inferiores à média. Os jovens de Xangai (613 pontos), Cingapura, Hong Kong, Taiwan e Coreia do Sul são, nesta ordem, os que apresentam melhores resultados no relatório do Programa para a Avaliação Internacional de Alunos (Pisa, em inglês), realizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE).



O estudo destacou, além disso, que o Brasil ampliou a matrícula em suas escolas primárias e secundárias entre 2003 e 2012, e deu particular importância ao crescimento de 65% a 78% entre 2003 e 2012 da matrícula de jovens de 15 anos. "Em 2003, 35% dos jovens de 15 anos não estavam matriculados na escola no sétimo ano ou mais. Para 2012, esta porcentagem se reduziu para 22%", indica. No entanto, o Pisa enfatiza que "o nível de repetição de ano é ainda muito extenso no Brasil, repercute negativamente nos resultados na matemática e é mais notável entre os estudantes mais desfavorecidos".

Em geral, o relatório reconhece diferenças de rendimento entre estudantes ricos e pobres. "Em toda a OCDE, o estudante de um meio socioeconômico abastado obtém 39 pontos a mais em matemática - o equivalente a um ano de escolarização - que o menos abastado", constata o relatório, avaliando em 6% o número de alunos pobres que conseguem romper com esta estatística e superar as expectativas.

A proporção de imigrantes nas escolas dos países da OCDE aumentou de 9% em 2003 a 12% em 2012, mas o estudo revela que, contra o que costuma se afirmar, "a concentração de estudantes imigrantes não está vinculada, em si mesma, a resultados ruins". Embora a maioria dos países estudados tentem fornecer mais professores às escolas em zonas mais pobres, o problema é que estas escolas têm mais dificuldades para reter os bons professores, "de modo que muitos de seus alunos enfrentam o duplo problema de vir de um meio desfavorecido e frequentar uma escola com recursos de menor qualidade".

O relatório revela que meninos e meninas apresentam resultados similares em ciência, mas a distância entre gêneros se ampliou a favor das mulheres em leitura e dos homens em matemática. O estudo também aponta um vínculo entre os resultados e a pontualidade dos alunos.

Assim, em Uruguai, Bulgária, Costa Rica, Letônia, Suécia, Portugal, Israel, Chile, Peru e Tunísia, de 50% a 60% dos estudantes chegaram tarde ao menos uma vez nas duas semanas anteriores às avaliações PISA, um número que, no caso dos alunos de Hong Kong, Xangai, Vietnã e Liechtenstein, variou de 15% a 19%, e no Japão foi de apenas 9%.

Finalmente, o relatório revela que os estudantes que frequentaram a pré-escola por mais de um ano obtêm em média 53 pontos a mais em matemática em comparação com os que não a frequentaram.