Jornal Correio Braziliense

Brasil

Seminário reforça necessidade de lutar contra violência nos estádios

O evento acontece anualmente, reunindo as torcidas de todo o país. Houve o desdobramento das regiões para que os participantes possam discutir diretamente os problemas específicos

Os tumultos que algumas vezes ocorrem em estádios brasileiros são provocados por minorias, concluíram representantes de torcidas organizadas e do Ministério do Esporte durante os debates do 1; Seminário Sul-Sudeste de Torcidas Organizadas, que termina neste sábado (7/12), na capital paulista. O encontro começou nesta sexta-feira (6/12).

O evento acontece anualmente, reunindo as torcidas de todo o país. Houve o desdobramento das regiões para que os participantes possam discutir diretamente os problemas específicos. O principal ponto abordado durante a manhã foi a segurança nos estádios.

O secretário Nacional do Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, Toninho Nascimento, disse que o Cadastro Nacional das Torcidas Organizadas não é uma forma de listar as pessoas, mas de ter um quadro de como as torcidas estão estruturadas. ;Isso não é um cadastro policial: não é função do Ministério fazer trabalho de polícia, como se quiséssemos cadastrar todos os torcedores do país para evitar a violência nos estádios;.

Para Nascimento, a violência nos estádios chegou ao seu limite. Hoje, a participação das torcidas organizadas é essencial. ;Principalmente se elas forem incluídas nesse processo. Não adianta excluir e suspender uma [torcida] organizada. [Com isso], perdem-se as lideranças que poderão ajudar a combater esses atos dentro e fora dos estádios;.

Na avaliação de Nascimento, a impunidade é um fator fundamental para a proliferação da violência: é preciso cumprir as leis existentes. ;Muitos dos mecanismos que podem ser criados já o foram e se não funcionam é outra questão. É preciso que seja aplicado o Estatuto do Torcedor e punidos os culpados;.

O promotor de Justiça do Juizado Especial Criminal (que atual na área do futebol), Paulo Castilho, disse que é preciso individualizar a conduta dos infratores para não generalizar o comportamento da torcida organizada. ;Não é possível acreditar que em meio a uma instituição que reúna 100 mil pessoas não [haja] pessoas ruins. São frutos da sociedade, onde [há] gente de todo tipo. Temos que desmistificar que na torcida organizada só há marginais e criminosos. O Estado já está maduro para aprender que a torcida é um fenômeno de massa, que já está organizado;.



O presidente da Dragões da Real (torcida do São Paulo Futebol Clube), André Azevedo, disse que, apesar de haver diferenças e rivalidades entre as camisas, todas as torcidas têm os mesmos interesses e vêm fazendo um trabalho, com o apoio do Ministério do Esporte, para mostrar que não são o ;lado ruim; do futebol. ;Há vários erros e nós somos parte disso. É muito mais fácil colocar a culpa na torcida que é o elo mais fraco dessa corrente;.

O presidente da Federação de Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro (Fetorj), Flávio Martins, disse que, além da questão da violência, é preciso que o poder público melhore a infraestrutura dos estádios, não somente aqueles que recebem jogos da Série A. ;Quando se olha para a Série B do Brasileiro não [há] um estádio de Copa. Faltam banheiros, condições de ir e vir, iluminação, serviços. Todos falam dos deveres do torcedor, mas ninguém fala dos direitos;, observou.