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Mobilização social conseguiu manter prédios em torno do Maracanã

Após o anúncio do projeto de concessão do Maracanã e a ameaça de demolição, começou a mobilização social

postado em 27/12/2013 17:20
Após o anúncio do projeto de concessão do Maracanã e a ameaça de demolição, começou a mobilização social
Rio de Janeiro -
A intensa mobilização social ao longo do ano levou o governo a desistir dos planos originais para os prédios em torno do estádio do Maracanã. A proposta de concessão do estádio, apresentado em outubro do ano passado, previa a demolição de quase todas as construções na área, menos do Ginásio Maracanãzinho.

O Parque Aquático Júlio Delamare, o Estádio de Atletismo Célio de Barros, a Escola Municipal Friedenheich e o antigo Museu do Índio viriam abaixo. Deste último, o governo desistiu, em janeiro, da derrubada depois de diversas manifestações de indígenas. Em 2007, os equipamentos esportivos receberam R$ 100 milhões do governo federal para reformas e adequação para os Jogos Pan-Americanos. E, desde então, os recursos públicos no Complexo do Maracanã chegaram a R$ 1,2 bilhão.

Após o anúncio do projeto de concessão do Maracanã e a ameaça de demolição, começou a mobilização social. Uma grande manifestação ocorreu logo na audiência pública de concessão do Estádio, em novembro de 2012. Foram organizadas diversas passeatas e atos em defesa dos equipamentos esportivos.



O Célio de Barros e o Júlio de Lamare foram fechados em março, deixando cerca de 250 atletas sem local para treinar, além de idosos e crianças sem aulas. Ações da Defensoria Pública, pedidos de tombamento do patrimônio e notas de apoio foram feitas ao longo do ano. Até que, em 29 de julho, o governador Sérgio Cabral desistiu da demolição do parque aquático, anunciando em seguida, as mudanças de planos para o estádio de atletismo, em 2 de agosto, e da escola, no dia 5 de agosto.

Também em agosto, a prefeitura do Rio decidiu tombar como patrimônio da cidade a Escola Friedenheich e o antigo Museu do Índio, além de revogar o decreto que retirava o tombamento o Célio de Barros e Júlio de Lamare. O novo plano de viabilidade do Complexo Maracanã foi entregue pela Concessionária vencedora da licitação, formada pelas empresas Odebrecht, IMX e AEG, ao governo do Rio no fim de agosto, mas, segundo a Casa Civil estadual, o documento ainda está sendo analisado.

Representante do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, o professor Demian Castro lembra que os movimentos sociais conseguiram uma grande vitória com a decisão do governo de não demolir os equipamentos, mas o destino deles ainda é incerto.

;Apesar de ter tido grande vitória, que foi a não demolição disso tudo, ainda não existe garantia sobre o destino disso. A gente quer o diálogo, a gente quer participar disso, a gente quer um outro Maracanã, não o do consórcio. Então a gente quer a anulação da privatização, um estádio público e popular, onde todas as pessoas envolvidas com o estádio, torcedores, pessoas que participam, que utilizam diferentes equipamentos no entorno, participem dessa gestão.;

O Parque Aquático Júlio de Lamare foi reaberto no início de novembro, com o retorno dos alunos de natação e hidroginástica e dos atletas de nado sincronizado, saltos ornamentais e natação. De acordo com o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes Filho, os treinos das equipes olímpicas foram retomados, mas as melhorias prometidas não foram feitas. ;O negócio está meio complicado, porque não está definido pelo governo quem é que manda ali, se são as empresas que ganharam a licitação ou é o estado. Eu fiz aquelas passeatas, e ele [o governo] resolveu não destruir. Parou aí, não fez mais nada.;

De acordo com ele, há a promessa da instalação de um placar eletrônico e da reforma no tanque seco para o treinamento de saltos ornamentais. Segundo a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), a licitação para essas obras deve ser finalizada em março, com prazo de mais dois meses para a execução.

A Escola Friedenheich não chegou a ser fechada e o ano letivo transcorreu normalmente, de acordo com o professor Carlos Sandes, que integra a comissão de pais, alunos e ex-alunos da escola. ;A resistência dos pais, a resistência da comunidade aqui foi muito determinante para a escola permanecer aqui. Hoje a escola já foi reconhecida pela Câmara de Vereadores como patrimônio educacional e social. Mas nós não estamos satisfeitos, nós sabemos que todo esse complexo aqui é histórico, é cultural e faz parte da alma do carioca, da alma do povo do Rio de Janeiro.;

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