Brasil

"A que ponto chega a crueldade humana", questiona pai de criança queimada

A menina teve 95% do corpo queimado em um atentado a ônibus

Sandra Viana
postado em 07/01/2014 06:01
Parentes no velório de Ana Clara. Ela será enterrada com o bisavô que morreu de infarto ao saber dos ataques

São Luís ; ;A que ponto chega a crueldade de uma pessoa fazer isso com um ser humano, com uma criança. Me sinto desamparado, inseguro. Onde está nossa segurança?;, relatou, inconformado, Wanderson da Silva Sousa, 25 anos. Ele é pai da pequena Ana Clara Santos Sousa, 6, que teve 95% do corpo queimado em um atentado a ônibus e morreu às 6h da manhã de ontem. A menina estava internada na enfermaria do Hospital Infantil Juvêncio Matos, desde sábado. O velório ocorreu durante a tarde e, hoje pela manhã, será o sepultamento no Cemitério Jardim da Paz. A irmã da menina, Lorane Beatriz Santos, de 1 ano e cinco meses, também atingida durante o atentado, segue internada, mas está fora de risco, segundo os médicos.

Juliane de Carvalho Santos, 22, mãe das meninas, ainda não havia sido informada da morte de Ana Clara até o início da noite de ontem. Internada no Hospital Tarquínio Lopes, Juliane teve 40% do corpo queimado e se submeteu a cirurgia. De acordo com familiares, ela pergunta a toda hora pela filha. ;Estamos pensando em como dizer a ela;, pontuou Georgiana Carvalho, de 25 anos, tia das meninas.

A família de Ana Clara sofre também com a morte do bisavô da menina Dazico Rodrigues da Silva, 80 anos. Ele teve um infarto fulminante ao saber do estado em que se encontrava a bisneta e a neta. Dazico Rodrigues será sepultado hoje, com Ana Clara. ;Para nós foi mais uma provação. Nossa família está toda fragilizada, estamos nos sentido desamparados e com muito medo;, disse Deusa Dutra, outra tia das meninas.

Está prevista para esta semana uma manifestação na Praça Deodoro pedindo segurança e o fim da onda de violência na capital. ;Foi um acontecimento muito triste, lamentável, e que só mostra o quanto a população está à mercê da criminalidade. Não podemos mais suportar isso, precisamos fazer alguma coisa;, disse a conselheira do CDH-MA, Liana Souza.

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