postado em 14/01/2014 06:29
A tensão causada por encontros de jovens de São Paulo em praças públicas e shoppings centers, conhecidos como ;rolezinhos;, preocupam as secretarias de Segurança Pública do país. A partir de manifestações combinadas pelas redes sociais na capital federal, o diretor da Polícia Civil, Jorge Xavier, afirmou que a corporação já monitora líderes do movimento.Em entrevista ao Correio, ele disse que deve destacar policiais para os centros de compra onde estiverem encontros marcados pelas redes sociais. A reportagem identificou ao menos um evento agendado para o shopping Iguatemi, no próximo dia 25. Xavier, entretanto, afirma que o monitoramento é feito em eventuais protestos organizados para todos os shoppings de Brasília. ;Por ora, não tem crime. Mas várias manifestações nos preocupam;, disse Xavier.
Em nota, a assessoria do Iguatemi limitou-se a afirmar que o centro ;tem como procedimento padrão atuar para garantir a segurança e a tranquilidade de seus clientes, lojistas e colaboradores visando conforto nas compras, lazer, cultura e entretenimento;. Combinados pelas redes sociais, os rolês reúnem centenas de adolescentes em lugares públicos. Onde vai, normalmente, o grupo canta, dança e fala alto. A manifestação tem sido encarada como protesto das classes menos favorecidas ou, simplesmente, como baderna. Outros quatro ;rolezinhos; estão marcados em São Paulo e um no Rio de Janeiro.
ARTIGO
por Renato Riella
Uma das próximas capas da Veja e um dos destaques do Fantástico vai ser uma novidade chamada ;rolezinho;, que ainda não entrou no dicionário ; mas entrou no vocabulário dos brasileiros. Para os distraídos ou desinformados, explico.
Milhares de jovens de uma cidade, que não se conhecem entre si, marcam um dia e hora da semana para ocupar um grande shopping. Não há discriminação, pois no Facebook ou nos blogs todos são iguais.
Naquele momento marcado, seis mil pessoas vestidas como jovens entram naturalmente no tal shopping e se espalham por todos os cantos, alegremente. Não são black blocs, nem levam faixas de protesto. Nada anormal.
Há casais comuns, há muitos casais gays, há gente sozinha, há jovens em grupo, há riquinhos, há pobrezinhos, há branquinhos, há pretinhos ; todos dando um rolé (ou rolê) pelo centro comercial fechado. Por isso o nome acabou evoluindo para rolezinho ; como é chamado até por sisudos policiais.
O que se discute agora é se o Estado pode impedir esses jovens de entrar em um shopping luxuoso sem que o Brasil esteja aplicando uma nova espécie da aphartaid. Imaginem isso na Daslu!
No próximo dia 25, por exemplo, haverá o primeiro rolezinho de Brasília, no Shopping Iguatemi de Brasília, o mais esnobe, mais classe A (de aparthaid). Acho que vou dar um rolé por lá nesse dia, embora esteja 50 anos distante da faixa etária média do novo movimento. É imperdível!
Renato Riella é jornalista com quase 40 anos de atuação em Brasília. Atualmente, é consultor de marketing político e empresarial