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Comunidade do Guarda Mão teve dez das 12 mortes confirmadas em Itaóca

Entre os desaparecidos, o número também é alto, dez dos 15 são dessa área

postado em 15/01/2014 18:32
Itaóca (SP) ; A aproximadamente 3 quilômetros do centro de Itaóca, o bairro do Guarda Mão foi o mais afetado pela enxurrada, do último domingo (12/1), que devastou o município do Alto Vale do Ribeira. Das 12 mortes já confirmadas, dez são de moradores da comunidade. Entre os desaparecidos, o número também é alto, dez dos 15 são dessa área. O acesso ao bairro está complicado, porque a rua foi destruída pela força da água. Emaranhados imensos de troncos de árvores e lama bloqueiam a estrada que leva ao vilarejo.

Com dor no corpo, tontura e sonolência, o aposentado Arderico Cardoso, de 77 anos, não sabia como fazer para se deslocar da casa dele, que não foi destruída, até o posto de saúde, na região central. ;Ele mora aqui há 20 anos e nunca tinha passado por nada parecido. A estrada sempre foi um acesso tranquilo e agora a gente tem que passar por isso;, lamentou o filho de Arderico, Sebastião Cardoso, 41 anos. Em vez de carregá-lo pelo caminho de 30 minutos a pé, os vizinhos avaliaram que o melhor seria pedir auxílio às equipes de socorristas que estão na região.

Moradora do bairro há 60 anos, a aposentada Conceição da Mota Camargo, de 77 anos, teme passar pela mesma situação do vizinho. ;Nem saio daqui. Meu marido tentou andar um pouquinho e já machucou a perna. Se precisar de socorro, é que vou ter que ir;, relatou. Ela disse que o rio nunca subiu como dessa vez, destruindo dezenas de casas da comunidade. ;Onde eu moro, só sobramos eu e o meu marido. A água subiu até o pescoço, vimos cair a parede da casa, foi quando a água baixou, senão a gente morria afogado. Ficamos sentados no colchão até amanhecer o dia;, relembrou.

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Conceição não sabe se vai poder retornar para casa, por enquanto ela está abrigada na casa do genro também em Guarda Mão. O aposentado Renê Lopes Almeida, de 62 anos, dos quais 40 foram vividos no bairro, pensa em mudar para Curitiba. ;Não tenho mais jeito de ficar. Tenho um filho morando lá. Minha casa, onde tenho um bar também, não foi atingida, mas perdi todos os vizinhos;, declarou. Ele disse que a casa ficou isolada e, por isso, decidiu mudar temporariamente para a residência de parentes no bairro do Lajeado.

Renê cita os nomes de cada vizinho desaparecido e contabiliza pelos menos 15 pessoas de Guarda Mão que sumiram depois da enxurrada. ;A água levou tudo. Na hora da chuva, peguei uma lanterna e vi que a vizinhança tinha sumido toda;, relatou. O balanço da Defesa Civil estadual aponta, até o momento, 12 mortos. O total de desaparecidos foi atualizando na manhã de hoje, passando de oito para 15. ;As comunicações vão chegando, por isso o número é flutuante;, explicou o coordenador do órgão, coronel Aurélio Alves Pinto.

Além de Guarda Mão, o bairro do Lajeado também está entre os mais atingidos pela enxurrada que percorreu o Rio Palmital e devastou a cidade. Hoje (15), a prefeitura anunciou a instalação de um posto de comando, montando no centro, sub-bases nessas duas localidades. ;São zonas vermelhas, como a gente chama, que foram muito atingidas e, por isso, devem ter essa atenção;, disse o prefeito Rafael Camargo.

A Defesa Civil informou ainda que duas pessoas estão hospitalizadas com ferimentos causados pela enxurrada. Segundo o Hospital de Apiaí, a 20 quilômetros de Itaóca, João Vitor de Oliveira, de 14 anos, foi internado ontem com uma fratura no pulso e escoriações por todo o corpo. O braço foi imobilizado e não será necessário passar por cirurgia. O paciente Dimas de Oliveira, de 48 anos, por sua vez, foi transferido para o hospital de Itapeva, porque apresentava múltiplas fraturas. O estado de saúde dele não foi informado. Itaóca, município com 3,3 mil habitantes, conta apenas com um posto de saúde.

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