postado em 15/01/2014 21:10
Brasília - O Ministério Público Federal na Bahia (MPF) recomendou a transferência dos quatro sargentos da Marinha envolvidos na prisão de dois moradores da comunidade quilombola Rio dos Macacos, no dia 6 de janeiro. A recomendação foi assinada nesta segunda-feira, 13 de janeiro, pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão Substituto, Edson Abdon, direcionada ao Comando do 2; Distrito Naval.O órgão recomenda que seja feita a remoção/transferência dos quatro sargentos para outras bases do 2; Distrito Naval, uma vez que os militares, mesmo de folga, estariam sempre próximos da comunidade porque moram nas proximidades da Base Naval de Aratu, na Vila Naval da Barragem. Caso o comando do 2; Distrito Naval não atenda à recomendação, o MPF pode adotar outras medidas, como notificar para uma oitiva para descobrir as razões do não cumprimento da recomendação.
A recomendação foi feita após o depoimento dos irmãos Edinei Messias dos Santos e Rosimeire Messias dos Santos ao procurador, feitos no mesmo dia da emissão do documento. Edinei e Rosimeire estariam temendo uma represália dos militares. Em trecho do depoimento de Rosimeire divulgado na recomendação, ela conta que um dos sargentos teria dito ;hoje eu estou de farda, mas amanhã eu vou pipocar sua cabeça e a de seu irmão onde eu os encontrar;.
[SAIBAMAIS]Comandante do 2; Distrito Naval, vice-almirante Antônio Fernando Monteiro Dias, já sinalizou, porém, dificuldade no cumprimento da recomendação. Dias explicou não ter outro local para que os militares passem a noite. A questão foi passada ao procurador hoje (15/1) e será encaminhada de forma oficial nos próximos dias. A decisão de manter ou não a recomendação será tomada por Abdon após analisar os todos argumentos que serão apresentados pela Marinha.
Além de Edinei e Rosimeire, o comandante da Base Naval de Aratu foi ouvido na procuradoria. Os quatro sargentos denunciados pelos irmãos serão ouvidos nas próximas sexta-feira, 17 de janeiro, e segunda-feira, 20 de janeiro, dois de cada vez. À Agência Brasil, Abdon também informou que recebeu as imagens das câmeras de segurança, que serão analisadas nos próximos dias.