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Batman das manifestações luta por justiça social no Rio de Janeiro

Desde os protestos realizados no Rio durante a Copa das Confederações, no ano passado, Batman surge em meio aos manifestantes, atraindo as atenções de todos

Agência France-Presse
postado em 19/01/2014 10:42

Desde os protestos realizados no Rio durante a Copa das Confederações, no ano passado, Batman surge em meio aos manifestantes, atraindo as atenções de todos

Rio de Janeiro - Recentemente, um dos maiores heróis dos quadrinhos tem sido visto com frequência no Rio de Janeiro. Mas, ao contrário do ;Cavaleiro das Trevas; de Gotham City, na cidade ensolarada a luta do Batman brasileiro não é contra os bandidos na calada da noite, e sim, ao lado do povo, por justiça social.

Desde os protestos realizados no Rio durante a Copa das Confederações, no ano passado, Batman surge em meio aos manifestantes, atraindo as atenções de todos.

Suas aparições são recebidas, geralmente, com aplausos entusiasmados da multidão. E, assim, o Batman carioca se tornou uma celebridade. Quando chega, todos vão rapidamente saudá-lo. Como nas histórias em quadrinhos e nos filmes, ele é visto como o defensor da justiça.

[SAIBAMAIS]Quando a versão brasileira do super-herói surge à noite nos Arcos da Lapa ou apertando a mão de um indígena durante um protesto, parece que o super-herói de Gotham realmente saiu das telas de cinema.

Na verdade, o Batman brasileiro está longe de levar a vida do magnata Bruce Wayne. Ele chama-se Eron Morais de Melo. É um protético de 32 anos e começou a se vestir de Batman depois de confeccionar a própria roupa, durante as grandes manifestações de junho de 2013. Eron decidiu ser o homem-morcego porque, para ele, Batman é um símbolo da luta contra a opressão.

Segundo Eron, no Brasil há uma ditadura disfarçada de democracia. E deixou claro à AFP que vai participar das manifestações até que a Constituição seja plenamente respeitada e os cidadãos tenham moradia, educação e saúde.

O Batman do Rio de Janeiro se transformou em uma figura acompanhada pela mídia e já recebeu vários convites para se filiar a partidos políticos. Mas ele se recusa a fazer parte de um sistema contra o qual luta.

Sua esposa se acostumou a vê-lo sair com a roupa especial. Eron chegou a ser detido pela polícia por ter desrespeitado uma lei proibindo manifestantes mascarados. Os heróis hollywoodianos estão muito presentes nas manifestações no Brasil e, durante a onda de protestos que arrastou para as ruas milhares de pessoas na primavera, muitos usavam as máscaras de ;Anonymous;, do personagem histórico britânico Guy Fawkes, apresentado no filme inspirado no HQ "V de Vingança".

Também é comum encontrar Hulks, Super-homens e até Jack Sparrow, anti-herói do filme "Piratas do Caribe". Mas principalmente muitos ;Anonymnous; se misturam à multidão junto com outros mascarados do grupo anarquista ;Black Bloc;, que entram em confronto com as forças de segurança, em atos que, quase sempre, terminam em depredações.

Desde que foi proibido o uso de disfarces, Batman vem usando, muitas vezes, uma cartolina que indica seu nome e o número de sua carteira de identidade, para provar que não usa sua máscara para se esconder das autoridades. Por algum tempo, ele deixou de ir às manifestações e as pessoas começaram a exibir cartazes perguntando: "Onde está o Batman?" Teria ficado o Rio sem o seu super-herói justiceiro?

Mas ele voltou e, recentemente, vem aparecendo também em outros eventos, como a ;Zombie Walk;, um ;flash mob; planetário durante o qual as pessoas se fantasiam de zumbis. Naquele dia em Copacabana, ele apareceu com uma arma de brinquedo para "eliminar" os mortos-vivos.


No dia 9 de janeiro, lá estava Batman na Favela do Metrô, uma pequena comunidade situada entre o metrô e uma rocha perto do Maracanã. A favela deve ser totalmente eliminada antes da Copa do Mundo de 2014 para dar lugar a um centro comercial.

Em 2010, 637 famílias dessa comunidade foram removidas, mas outras pessoas se alojaram nas casas desocupadas. Esses novos ocupantes se recusam a sair e ergueram barricadas para impedir as autoridades de desalojá-los. E lá estava Batman para visitá-los e atrair a atenção da imprensa para o destino dessas pessoas.

Hoje, Batman é uma figura inevitável em todos os movimentos sociais no Rio e vai continuar assim durante a Copa. Sua presença parece levar algum conforto e estímulo a todos. Sem dúvida, dá aos manifestantes a esperança de que seu grito seja ouvido.

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