Brasil

UNE culpa visão mercadológica da educação por crise na Gama Filho

De acordo com a presidente, o problema é tratar a educação apenas como mercadoria

postado em 20/01/2014 17:05

Estudantes da Gama Filho estiveram na semana passada em frente ao Palácio do Planalto protestando pela federalização das universidades

Rio de Janeiro - A União Nacional dos Estudantes (UNE) está acompanhando há cerca de dois anos as mobilizações dos alunos da Universidade Gama Filho (UGF) e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), que acabaram sendo descredenciados pelo Ministério da Educação, no último dia 13. A decisão afetou 9,5 mil alunos das duas instituições, cuja mantenedora era o Grupo Galileo Educacional.

Falando hoje (20/1) a presidente da UNE, Virgínia Barros, disse que a entidade mantém dois diretores acompanhando as manifestações dos alunos das duas universidades, tanto em Brasília como no Rio de Janeiro.;Essa luta antiga dos estudantes pela intervenção do MEC nas duas instituições conta com o apoio da UNE. O Estado brasileiro precisa ser mais incisivo nos seus instrumentos de fiscalização e de regulação do ensino superior privado no nosso país;, manifestou.



Segundo ela, a UNE entende que todos os problemas que ocorreram na UGF e na UniverCidade são ;decorrentes de uma visão mercadológica da educação;. Para Virgínia, quando a educação é concebida como uma mercadoria e não como um direito de todos os cidadãos, ela fica sujeita aos problemas inerentes ao mercado. ;O resultado é que essa visão, exacerbadamente mercadológica da educação, originou todos esses problemas na Gama Filho e na UniverCidade;, afirmou.

Virgínia Barros destacou que o ensino privado representa hoje cerca de 75% das matrículas na educação superior no Brasil. Por isso, disse ser fundamental que haja uma ;sofisticação; dos instrumentos de fiscalização e de controle sobre essas instituições, para evitar a repetição em outras universidades brasileiras dos problemas detectados na UGF e na UniverCidade. ;E para que a gente consiga, por meio da intervenção do MEC, assegurar a melhor solução para os estudantes das duas universidades;.

A presidenta da UNE considerou que a transferência assistida desses estudantes para outras instituições não é suficiente. ;A experiência mostra que isso tem sido uma transição traumática para os estudantes, que enfrentam uma série de problemas ao longo desse processo;. Citou como exemplo o caso da Faculdade Alvorada, de Brasília, descredenciada pelo MEC em setembro do ano passado.

[SAIBAMAIS]Argumentou que de nada adianta transferir os estudantes de uma instituição para outra ;que sobrevive com o mesmo regime jurídico e está sujeita a viver os mesmos problemas que a Gama Filho e a UniverCidade viveram;. Reiterou, por essa razão, que a ação do Ministério da Educação tem que ser mais incisiva, para que possa ajudar na resolução dos problemas dessas instituições.

Amanhã, 21 de janeiro, à tarde, em Brasília, está programada reunião entre integrantes da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do MEC e das instituições integrantes do sistema federal de ensino, incluídas as instituições particulares credenciadas no ministério, para apresentação e discussão da política de transferência assistida. O MEC prevê que, até a próxima quinta-feira, 23 de janeiro, será publicado edital com as normas para a transferência assistida decorrente do descredenciamento das duas instituições.

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