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Morte em Pedrinhas pode ser reação à transferência de presos

O detento Jô de Sousa Nojosa foi morto na manhã desta terça. Ele é o terceiro detento encontrado morto em Pedrinhas em 2014

postado em 21/01/2014 19:33
O governo do Maranhão informou, por meio de nota, que a morte do detento Jô de Sousa Nojosa, acontecida na madrugada desta terça-feira (21/1) na Central de Custódia de Presos de Justiça de Pedrinhas (CCPJ), em São Luís, pode ser uma reação à transferência de presos para presídios federais.

Nojosa é o terceiro detento encontrado morto em Pedrinhas em 2014. A morte aconteceu um dia depois da transferência de nove presos da penitenciária para o Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS). ;Há indícios de que o crime tenha sido uma reação à transferência de presos para presídios federais;, diz a nota divulgada hoje pela secretaria.

Nojosa foi encontrado morto na CCPJ pendurado por uma ;tereza; (corda feita com lençóis). De acordo com informações da polícia, a suspeita é que o crime tenha sido homicídio, pois o preso apresenta sinais de agressão.

A morte ocorreu horas após as primeiras lideranças de facções criminosas que disputam o controle do narcotráfico no Maranhão serem transferidas para presídios federais de segurança máxima.

Na última quinta-feira (16/1), houve tumulto no CCPJ. Segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) do Maranhão, soldados da Polícia Militar e do Grupo Especial de Operações Penitenciárias (Geop) foram acionados e conseguiram conter a ação de presos de um dos blocos da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ).



Ontem (20/1), o Ministério Público do Maranhão denunciou sete acusados de organizar e participar do ataque a um ônibus no dia 3 de janeiro, em São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís. Cinco passageiros do ônibus ficaram gravemente feridos, entre eles a menina Ana Clara Santos Souza, de 6 anos, que teve queimaduras em 95% do corpo e morreu dois dias depois.

Na manhã desta terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recebeu representantes de organizações de defesa dos direitos humanos para discutir o pedido de intervenção federal no Maranhão e a federalização dos crimes ocorridos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. O pedido foi feito pelas organizações não governamentais Justiça Global, Conectas e Sociedade Maranhense de Direitos Humanos. O grupo acredita que isto possibilitará investigação mais rápida e independente.

Segundo dado do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 60 detentos foram mortos em Pedrinhas ao longo de 2012. Além disso, a superlotação das celas e a infraestrutura precária são alvo das críticas de detentos, parentes dos presos e de organizações de defesa e promoção dos direitos humanos que apontam o fracasso do estado na meta de ressocializar os prisioneiros.

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