postado em 24/01/2014 12:54
A Justiça de Minas Gerais condenou mais dois réus no processo que julga o chamado Massacre de Felisburgo, ocorrido em novembro de 2004, e no qual cinco trabalhadores sem terra foram mortos e outros 12 ficaram feridos. Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza foram condenados a 102 anos e seis meses de reclusão, cada um, por tentativa de homicídio, homicídio qualificado e por terem colocado fogo no acampamento Terra Prometida, montado pelos sem-terra. A pena dos réus, que vão recorrer em liberdade, foi anunciada aproximadamente às 1h30 desta sexta-feira (24/1).Durante o julgamento, iniciado na manhã de ontem, foram ouvidas três testemunhas de defesa. Em seguida, o júri ouviu Oliveira, que afirmou não ter matado ninguém. Oliveira garantiu que, no dia do crime, estava em um bar, versão confirmada por uma das três testemunhas de defesa. Para Oliveira, seu nome foi envolvido no caso por vingança.
A hipótese de vingança também foi mencionada por Souza, ouvido logo após Oliveira. A vingança, em ambos os casos, poderia, segundo os condenados, estar associada às denúncias de que, pouco antes da chacina, os dois teriam participado do roubo de gado da fazenda de Adriano Chafik Luedy, já condenado como mandante do ataque aos sem-terra. Em suas defesas, Souza e Oliveira lembraram que os exames a que foram submetidos não indicaram a presença de resíduos de pólvora.
Durante o julgamento, Souza sentiu-se mal e teve que ser levado para atendimento médico externo. Com a concordância do advogado de Souza e de Oliveira, Heleno Batista Vieira, a sessão continuou. Vieira sustentou que seus clientes foram incriminados na tentativa de encontrar culpados por um crime de repercussão nacional, mesmo que nada tivesse a ver com o caso, razão porque, ao contrário de outros suspeitos, não fugiram, permanecendo em Felisburgo até serem detidos.
Das 15 pessoas denunciadas pelo Ministério Público, dez permanecem foragidas. O dono da fazenda ocupada pelos sem-terra, Adriano Chafik Luedi, e Washington Agostinho da Silva foram condenados em outubro de 2013, mas aguardam, em liberdade, o julgamento da liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que lhes garantiu o direito de recorrer da decisão em liberdade. Luedi foi condenado a 115 anos de prisão. Silva, a 97 anos e seis meses. Outro acusado, Admilson Rodrigues Lima, morreu antes de ser levado à juri.