Na noite de sexta-feira, enquanto a TV Globo exibia pela primeira vez em uma de suas novelas uma cena de beijo entre dois homens, casais homossexuais perceberam que havia algo a ser comemorado. Emocionados com o final feliz dos personagens Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso), marcado pelo ato inédito de carinho explícito, os namorados Tiago Caetano e Marlon Manica vislumbraram no desfecho de Amor à vida, escrita por Walcyr Carrasco, um futuro menos opressor em relação aos gays. ;O beijo é um símbolo, demostra o afeto escancarado. É importante trazer a normalização de algo que, para a gente, já é bem normal;, diz o estudante Tiago, de 28 anos.
Para ele, a atuação de Mateus Solano e a forma como Félix cativou o público possibilitaram que o beijo entre ele o companheiro Niko soasse o mais natural possível. ;As pessoas começaram a perceber que havia características dele além do fato de ser gay. Era só um detalhe;, comenta. O empresário Marlon, 32, concorda com o namorado. ;O tema foi desenvolvido de uma forma que não teria como não rolar o beijo;, observa. ;Foi o primeiro, é novidade, por isso tanta repercussão. A tendência é que a gente avance cada vez mais e que isso se torne algo normal;.
Tiago está ciente de que a cena de Amor à vida, por si só, não irá mudar a realidade, mas acredita que foi dado um passo importante para uma maior aceitação das pessoas sobre a questão homossexual. ;O beijo não pode ser recebido como uma violência para quem o assiste;, defende.
Na visão do relações públicas Gustavo Freitas, de 24 anos, a pressão do público é que motivou a Globo a exibir a tão comentada cena. Ele, que vive com o companheiro há um ano, diz ter ficado emocionado com o desfecho do casal na novela e entende que, retratando os homossexuais de maneira natural, Amor à vida ajuda a amenizar os desafios enfrentados por eles no dia a dia. ;Nossa grande luta é para que nos aceitem;, diz. ;O tratamento ainda não é o ideal, mas esses passos são muito importantes;, arremata.
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