Três meses depois da destruição no auditório do Memorial da América Latina, na Zona Oeste de São Paulo, outro prédio histórico da capital paulista foi destruído pelo fogo na madrugada de ontem. Uma das mais tradicionais instituições de ensino da cidade, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, no bairro da Luz, região central, teve seu centro cultural atingido por um incêndio de grandes proporções. Os recorrentes incidentes acendem o alerta para a necessidade de gestão de riscos em locais de importância histórica para o Brasil.
As chamas no Liceu começaram por volta da 1h de ontem, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Ninguém se feriu, mas o fogo chegou a destruir 2,5 mil metros quadrados da estrutura onde estavam esculturas, quadros, mesas e cadeiras. Parte do acervo, que incluía réplicas em escala natural de esculturas clássicas, foi perdida.
O Centro Cultural funcionava em um prédio anexo ao Colégio Liceu. Desde a fundação do edifício, em 1873, a escola tornou-se referência pelo ensino técnico profissionalizante e de formação geral. As causas das chamas ainda são desconhecidas e a instituição não avaliou os danos ao prédio nem as obras comprometidas. De acordo com a prefeitura de São Paulo, o processo de Auto de Verificação de Segurança (AVS) do local está em andamento. No caso do Memorial da América Latina, foi constatado que o alvará de funcionamento está vencido há 20 anos.
Riscos
Além da falta de manutenção e controle de combate a incêndios, museus brasileiros e centros culturais enfrentam também um risco constante de furtos e roubos. Em junho de 2008, a Pinacoteca de São Paulo foi roubada em plena luz do dia. Imagens do circuito interno mostraram que dois assaltantes saíram tranquilamente do local com as obras de Di Cavalcanti (Mulheres na janela, de 1926), duas gravuras do pintor espanhol Pablo Picasso (O pintor e seu modelo, de 1963, e Minotauro, bebedor e mulheres, de 1933), além de um guache sobre cartão do pintor naturalizado brasileiro Lasar Segall (Casal, de 1919). Um ano antes, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) também foi saqueado e perdeu obras de Picasso e de Cândido Portinari. Na época, o presidente do museu, Júlio Neves, admitiu problemas com a segurança.
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