postado em 18/02/2014 16:40
Um grupo de pescadores protestou nesta terça-feira (18/2), em frente à sede da Petrobras, contra os danos ambientais causados pela estatal na Baía de Guanabara. Com redes de pesca, vestidos de preto, o grupo cobrou o pagamento de indenização estipulada em R$ 1 bilhão pelo acidente que provocou o derramamento de 1,8 milhão de litros de óleo na baía, em 2000.[SAIBAMAIS]Segundo o Fórum de Pescadores e Amigos do Mar, o acidente causou uma série de impactos socioambientais e provocou a redução de 90% da pesca na região. Pelo dano, ocasionado por um problema em oleoduto da Petrobras, a Justiça condenou a empresa a pagar R$ 1 bilhão de indenização. ;Até hoje, a empresa não cumpriu a decisão. Os pescadores estão idosos, doentes, empobrecidos, venderam embarcações para pagar dívidas. Muitos morreram, suas viúvas estão abandonadas e os que sobraram não têm sustento;, disse o ambientalista Sérgio Ricardo, que integra o fórum. ;Há um drama humano, queremos o diálogo;, completou. Procurada pela reportagem, a Petrobras não se pronunciou sobre o caso.
Da colônia de pescadores Z-10, de Niterói, Jane dos Santos, de 71 anos, participou do ato e relembrou os efeitos do vazamento. ;[A baía] tinha garça rosa, garça cinza, tinha mexilhão, peixe-carapicu, maria-preta e cocoroca. A poluição acabou com tudo;, disse. Ela pescava 0,5 tonelada por dia antes do acidente. Depois, a média caiu para 200 quilos. ;Tirava 40 panos de rede por dia, pescava muito, conheço todas as colônias do Rio. Parei de pescar pela idade, aposentei com um salário mínimo. Não dava mais;, completou.
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Durante o protesto, os pescadores alertaram para existência de óleo remanescente nos manguezais e no fundo da baía, o que tem afetado a reprodução dos peixes até os dias de hoje e provocado o desaparecimento de espécies. ;Todos os berçários de peixe foram consumidos pelo óleo da Petrobras;, disse o pescador Paulo Sérgio, de Niterói.
;O óleo afundou, mas fica lá, matando. Você joga uma linha e pode ver, ela volta suja de óleo. Então, todos os peixes que tinha, que se alimentavam do limo das pedras, e também o camarão, o boto, não existem mais;, explicou Paulo Sérgio, que é da Colônia Tubiacanga. Para sobreviver, ele conta que alguns pescadores alugam barcos para o turismo.
Para o Fórum de Pescadores, a expansão da indústria petroleira tem ocorrido sem ;critérios técnicos e sem ouvir as comunidades impactadas; e ameaça a fauna e o meio de trabalho e vida dos pescadores. Eles cobram o zoneamento ecológico-econômico e demarcação de territórios pesqueiros pelo governo do estado.
A Secretaria Estadual do Ambiente também não respondeu sobre os procedimentos solicitados pelos pescadores.