Viver de música era o sonho do tecladista brasileiro Holney Silva de Vasconcelos, 30 anos. Ney Teclas, como era conhecido pelos amigos, morreu no último domingo (16/2), após se apresentar em um restaurante de Portugal, país onde morou durante sete anos. Não bastasse a dor da perda, a família do músico, de origem humilde, enfrenta um verdadeiro desafio para trazê-lo para o país de origem e dar o último adeus.
Alquerão, a 25 km de Lisboa, foi o local onde Ney escolheu para viver com a esposa, também brasileira, e as duas filhas de nove e sete anos. A mulher está grávida de cinco meses.
Acostumado com o ritmo agitado das noites portenhas, o músico fazia shows em restaurantes, bares e discotecas da região. Após uma dessas apresentações, o tecladista sentiu fortes dores de cabeça e no peito, foi levado ao hospital, mas morreu em após sofrer um infarto fulminante.
Desde então, irmãos e primos que moram em Crixás (GO), buscam doações de vizinhos e amigos para pagar o translado do corpo. Os custos para todo o processo chegam a R$ 43 mil.
Conceição Silva, irmã do músico, conta que procurou a Secretaria de Assuntos Internacionais do Estado de Goiás, que cedeu 2,5 mil euros, o equivalente a R$ 5 mil, para cremar o corpo. No entanto, segundo os familiares, a quantia não é suficiente e a família não pode ir ao país europeu. "Nós moramos no interior de Goiás, queremos nos despedir e enterrar o meu irmão aqui", afirmou Conceição.
Até a publicação desta reportagem, a família contava com apenas R$ 13 mil, arrecadados em doações. "Precisamos reunir R$ 30 mil até terça-feira (25/2), prazo dado pela funerária de Portugal. Se o pagamento não for efetuado, o corpo volta para o IML, atrasando ainda mais o processo", explicou a irmã.
A família relata que entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, mas não conseguiu auxílio. "O Itamaraty nos informou que o Ministério não tem reserva orçamentária para nos ajudar", disse.
O Itamaraty explicou ao Correio que a lei federal não autoriza o financiamento do translado, entretanto, o limite constitucional imposto não impede que o consulado auxilie a família na questão burocrática, fazendo o intermédio com as autoridades portuguesas.
Shows e homenagens são realizados no Brasil e em Portugal para arrecadar dinheiro e ajudar a família do músico. A discoteca onde Ney tocava semanalmente produziu um vídeo agradecendo ao seu trabalho.
Doações:
Banco do Brasil
Agencia: 0311-5
Conta Poupança: 32 803-0
Conceição Silva de Vasconcelos.