Policias militares e manifestantes entraram em confronto por volta das 19h do sábado (22/2), em São Paulo, durante o "Segundo grande ato contra a Copa". O protesto chegou a reunir cerca de mil pessoas na Praça da República, no centro da capital paulista. Embora algumas pessoas tenham depredado telefones públicos e quebrado agências bancárias, não se sabe como começou a confusão.
De acordo com a Polícia Militar - que usou pela primeira vez nas ruas uma tropa especializada em, artes marciais -, 230 manifestantes foram detidos e encaminhados a delegacias do centro da capital. Com eles, foram apreendidos máscaras, spray,estilingues, bolas de gude, correntes e até pequenas quantidades de maconha, ainda segundo a PM.
A instituição informou ainda que o sistema de monitoramento de vídeo da estação Ana Rosa do Metrô teria flagrado o momento em que um manifestande abandona uma mochila no local, onde funcionários teriam encontrado um "coquetel Molotov". Nas redes sociais, manifestantes questionavam do caráter aleatório das prisões, que incluíram cinco profissionais da imprensa.
Motivos
Antes da manifestação, na página do evento no Facebook, os organizadores criticavam a forma como a Copa do Mundo ocorrerá no país. ;Bilhões do nosso dinheiro público estão sendo gastos em estádios privados, milhares de famílias estão sendo removidas de suas casas e os investimentos em rodovias e transporte público encontram mais um motivo para servir à especulação imobiliária;.
;Iremos às ruas pela educação pública estatal de qualidade, por 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação, por vagas para todos - da creche à universidade, por valorização dos professores;, diz o comunicado. Mais de 14 mil pessoas confirmaram presença no evento.
Esse é o segundo protesto do ano contra a Copa, em São Paulo. O primeiro, há quase um mês, foi marcado pela violência. O protesto teve a participação do movimento Black Bloc, que entrou em confronto com a Tropa de Choque. Parte dos manifestantes ficou presa dentro de um hotel na Rua Augusta, quando tentava se refugiar das bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Um dos participantes, Fabrício Alves, de 22 anos, reagiu a uma abordagem da PM com um estilete, levando dois tiros, que atingiram o tórax e o pênis. Fabrício ficou 16 dias internado na Santa Casa.
Intimação
Hoje o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) intimou manifestantes suspeitos de práticas criminosas para prestarem depoimento. No Facebook, militantes divulgaram fotos das intimações. Os suspeitos foram convocados a prestar depoimento às 16h sobre crimes de dano e formação de quadrilha.
Na página da rede social, os manifestantes reclamaram, dizendo que a intimação para as 16h seria uma tentativa desleal de enfraquecer o ato, que foi marcado para as 17h. ;A Polícia Civil, a mando de forças maiores, está intimando manifestantes a depor no mesmo dia e horário da manifestação contra Copa. Essa é a forma que eles encontraram de intimidar os ativistas. Não vamos nos calar diante dessa afronta;, dizem.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que as oitivas fazem parte de uma série de depoimentos previamente agendados. Desde outubro, quando foi instaurado o inquérito para investigar os participantes de protestos, mais de 80 pessoas foram ouvidas.
Com informações da Agência Brasil