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Jardim Botânico do Rio tem limites ampliados e retirará antigos moradores

A presidenta do Jardim Botânico, Samyra Crespo, que está no cargo desde o ano passado, assegurou que as desapropriações não serão feitas "do dia para a noite"

postado em 09/03/2014 11:23
A área do Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi ampliada e o parque passou a ter, na semana passada, 140 hectares. Com 200 anos de existência, o parque foi oficialmente delimitado no ano passado e será registrado em cartório nos próximos meses. No último dia 6, começou o processo de cessão de áreas da União ao Jardim Botânico e foi disparado o cronômetro para retirada de 520 famílias que vivem na área.

A presidenta do Jardim Botânico, Samyra Crespo, que está no cargo desde o ano passado, assegurou que as desapropriações não serão feitas ;do dia para a noite;. ;Queremos tratar a questão com serenidade. Dois órgão do governo tomaram a decisão (de ceder as terras ao Jardim Botânico), e estamos em um momento burocrático de acerto da delimitação;, disse.

De acordo com Samyra, os limites foram estabelecidos com base no tombamento do parque pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ainda são insuficientes para atender aos cerca de 1 milhão de visitantes anuais ; o que coloca o Jardim Botânico ao lado de cartões-postais como o Pão de Açúcar e o Corcovado. Samyra acredita que, com isso, haverá recuperação das áreas que serão desocupadas no Grotão, com mudas nativas, e em torno de dois rios.

[SAIBAMAIS]

A presidenta do Jardim Botânico esclarece que somente a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), do Ministério do Planejamento, tem as informações sobre os novos limites e sobre as famílias que terão de deixar suas casas. O órgão, que não respondeu à Agência Brasil, deve publicar uma portaria com os novos limites nos próximos meses, cumprindo decisão judicial.

De acordo com Samyra, a decisão de reassentar moradores foi tomada pelo governo e não tem volta. ;A SPU fez um cadastro para ver em qual programa social as famílias se encaixam, por faixa de renda;. Moradores com renda acima de R$ 5,2 mil, consideradas de classe média, no entanto, não foram atendidos e terão de pedir alguma indenização na Justiça.

Existe ainda a possibilidade de reassentar famílias pobres em áreas próximas, no próprio bairro, o Horto. Para evitar a especulação imobiliária, o Ministério do Meio Ambiente não divulga quais são os terrenos em análise, mas Samyra cita o do Toalheiro Brasil, na Rua Marquês de Sabará. A prefeitura confirma que o trâmite está em análise, mas não dá detalhes.

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Os moradores permanecem atentos, aguardando a publicação de portaria da SPU transferindo os terrenos para o Jardim Botânico. A presidente da Associação de Moradores e Amigos do Horto, Emília de Souza, lamenta. Para ela, não é possível separar o homem do ambiente.

;Essa decisão não reconhece a história e a memória e as origens de famílias que estão aqui há mais de 100 anos;, afirma. Emília lembra que os primeiros moradores foram trabalhadores da obra do parque, que receberam terrenos de administrações passadas. Sem o registro dos imóveis, no entanto, a associação se organiza para voltar a questionar na Justiça a desocupação.

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