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Julgamento do Carandiru prossegue com etapa de réplica e tréplica

Ontem o promotor Canto Neto e o advogado Celso Vendramini tiveram duas horas e meia cada um para defender suas teses

postado em 19/03/2014 09:06
A quarta etapa do julgamento do Massacre do Carandiru prossegue nesta quarta-feira (19/3), no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, com a réplica dos promotores Márcio Friggi de Carvalho e Eduardo Olavo Canto Neto e com a tréplica do advogado Celso Vendramini, que defende os dez policiais acusados pela morte de oito detentos que ocupavam o quinto pavimento (quarto andar) do Pavilhão 9. A expectativa é que, logo após esta fase, ainda nesta quarta-feira, os sete jurados que formam o Conselho de Sentença se reúnam para decidir se condenam os réus.

Ontem (18) o promotor Canto Neto e o advogado Celso Vendramini tiveram duas horas e meia cada um para defender suas teses. Segundo o promotor, os policiais entraram no Carandiru e promoveram um massacre no local, sem chance de defesa para os detentos.

Já o advogado disse que os policiais não estiveram no quinto pavimento do Pavilhão 9 e que, portanto, não poderiam responder pelas mortes que ocorreram no local. Ele também argumentou que, como não foi possível individualizar a conduta dos policiais, afirmando qual deles atirou em qual detento, não é possível condená-los. Durante o debate, o advogado apresentou diversos vídeos que mostram ações violentas de criminosos, defendendo que ;prefere um bandido morto que um policial ferido;. Entre os vídeos apresentados está um feito por presos da Compelxo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, que mostra imagens de presos decapitados por detentos.

[SAIBAMAIS]

Ao final dos trabalhos de ontem, os promotores e o advogado falaram com a imprensa. ;Consegui provar, nas duas horas e meia que tive que, desde o primeiro depoimento deles [policiais], 15 dias depois da invasão, que eles entraram no quarto pavimento [terceiro andar] e não no quinto pavimento. O Ministério Público errou na acusação e eles [promotores] não querem admitir isso;, disse o advogado.

Para o promotor, no entanto, "os réus faltaram com a verdade" quando negarem que estiveram no quinto pavimento. ;Indicamos inúmeros depoimentos e provas periciais que contrariaram a versão dos réus;, disse Canto Neto.

Nesta quarta etapa do julgamento, dez policiais do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gate) são acusados pela morte de oito detentos e pela tentativa de homicídios de três presos que ocupavam o quinto pavimento (ou quarto andar) da antiga Casa de Detenção do Carandiru. Dois policiais morreram antes do julgamento.

A promotoria admitiu um erro na denúncia, e pediu que duas mortes de detentos, que foram imputadas aos policiais, fossem retiradas da denúncia porque uma delas foi provocada por arma branca e a outra ocorreu em outro pavimento. Com isso, os dez policiais passaram a responder por oito mortes e três tentativas de homicídio.



O Massacre do Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos durante uma invasão policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 da casa de detenção.

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