postado em 19/03/2014 20:27
Maior feira de capacitação em artesanato do Rio de Janeiro e uma das maiores do Brasil, a Rio Artes Manuais abriu nesta quarta-feira (19/3), Dia Nacional do Artesão, sua oitava edição. A feira, que vai até domingo (23/3), tem como tema central a Copa do Mundo e oferece oficinas técnicas, com material gratuito para os artesãos.;É o que chamamos de ;faça e leve;. Eles aprendem a fazer e levam para a casa a peça pronta;, disse o coordenador do evento, Roberto Santos. Com o aumento de 40% no número de expositores este ano, espera-se também maior número de participantes nas oficinas gratuitas: no ano passado, foram 18,7 mil alunos e agora estima-se de 20 mil a 25 mil.
Lembrando que muitas famílias têm hoje o artesanato como fonte de renda, Santos disse à Agência Brasil que o conceito da Rio Artes Manuais é que o artesão tenha uma peça piloto e possa reproduzí-la. Segundo ele, como a feira oferece ao artesão a oportunidade de dar mais qualidade a seu produto, aumenta também a competitividade ; as indústrias apresentam novos produtos ao público e novas técnicas aos expositores.
Veterana na Rio Artes Manuais, Eny Pires da Silva participou de sete das oito edições da feira. Ela disse que não vive de artesanato, mas o que ganha com a venda de seus produtos ;completa a renda e Ajuda bastante;. Eny destaca como pontos positivos da feira os novos relacionamentos e a possibilidade de aperfeiçoamento das técnicas artesanais. ;É um bem que faz à alma da gente;.
Pela primeira vez na feira, Aurora Silva disse que está "pronta para aprender; e acredita que o artesanato pode vir a se transformar em fonte de renda. ;É isso que eu quero. E é arte, que seduz a todos;.
Lucas Araújo, que trabalha com pintura, está em busca de novos conhecimentos. Agora, ele quer aprender a fazer bijuterias. ;Mais à frente, se precisar, poderei usar também esse conhecimento. Todo conhecimento que me ajudar, vou buscar;, ressaltou.
Um grupo de artesãos do Projeto Rio Ecosol (Rio Economia Solidária), da prefeitura, participa do evento pela segunda vez. Segundo a diretora de Economia Solidária da Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico Solidário da prefeitura, Ana Asti, o objetivo é integrar mais artesãos do município e do estado, para que "consigam mais receita do que na edição do ano passado;.
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Ana Asti espera que o aproveitamento seja maior do que o do ano passado, ;que já foi muito interessante, uma vez que era a primeira vez que se fazia esse trabalho;. A ideia é avançar netse sentido, acentuou. O Projeto Rio Ecosol seleciona grupos de artesãos de comunidades carentes, além dos que integram o Fórum de Economia Solidária, para participar da Rio Artes Manuais e outras feiras. Outros artistas são recrutados pelo Programa Rio de Janeiro Artesãos, do governo fluminense.
Este ano, mais três comunidades entraram no projeto Rio Ecosol: Morro da Coroa, em Santa Teresa, Nova Holanda, no Complexo da Maré, e Antares Palmares, na zona oeste. Com isso, chega a sete o número de comunidades atendidas pelo projeto. As quatro primeiras foram Cidade de Deus, Morro do Alemão, Manguinhos e Santa Marta. No caso das comunidades, ela explicou que o objetivo é capacitar os artesãos, permitir que eles trabalhem de forma coletiva, formando redes locais, e buscar a comercialização em conjunto.
De acordo com Ana, buscar uma identidade artesanal para o estado do Rio é um desafio que ainda não foi alcançado. "Este é um projeto de longo prazo;, disse ela, informando que mais de 500 mulheres estão no projeto e participam também do Circuito Carioca de Economia Solidária, que inclui a realização de feiras nas praças da cidade.
Ana, que é também vice-presidente da Organização Mundial de Comércio Justo (WFTO, na sigla em inglês), ressaltou que o trabalho artesanal coletivo contribui para aumentar a autoestima dos envolvidos na atividade. ;É a inclusão produtiva. Porque não se dá o peixe. Dá-se a vara para pescar." Segundo ela, a inclusão produtiva leva as pessoas à inclusão social e à inclusão na economia por meio da força de seu trabalho.