postado em 20/03/2014 20:26
A mais completa biografia de Ernesto Nazareth (1863-1934), um dos mais importantes compositores brasileiros, está sendo lançada nesta quarta-feira (20/3), em versão digital, pelo Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro (IMS-RJ). Resultado de 38 anos de trabalho do pesquisador Luiz Antonio de Almeida, a biografia pode ser livremente acessada no site ernestonazareth150anos.com.br, que também disponibiliza, a partir de agora, uma hemeroteca com 100 recortes de jornais sobre o músico, publicados até 1943, além do segundo volume das obras de Nazareth em versão melodia e cifra.O lançamento da biografia faz parte da programação pelos 151 anos de nascimento do compositor, comemorados hoje, que inclui ainda uma roda de choro, às 19h, com entrada franca, nos jardins do IMS-RJ. O repertório foi escolhido entre as 120 composições já disponíveis no site do autor de Odeon, Apanhei-te Cavaquinho, Brejeiro e muitos outros clássicos do choro, na época também chamado de tango brasileiro.
Com quase 400 páginas, a biografia traz uma série de detalhes inéditos da carreira e da vida de Nazareth, considerado o ;Chopin brasileiro;. Na década de 1980, Luiz Antonio, desde os 14 anos interessado na obra de Nazareth, se aproximou dos últimos parentes vivos do compositor, o filho Diniz e a sobrinha Julita. Acabou tornando-se herdeiro de todo o acervo do músico, adquirido pelo IMS em 2005.
Ao longo dos anos, o pesquisador resistiu a algumas propostas para publicar a biografia em versão impressa, mas reduzida. ;Não aceitei porque queriam enxugar o texto. Para mim, ou se publicava do jeito que eu escrevi ou não se publicava. O IMS aceitou publicar na íntegra. Tudo o que escrevi está ali. Basta acessar o site;, conta Luiz Antonio de Almeida.
Ele espera ver o material algum dia publicado em edição impressa, mas se considera satisfeito com a versão virtual. ;Pela internet, o mundo inteiro vai ter acesso ao meu trabalho, gratuitamente. A divulgação do nome de Nazareth chegou a uma fase de alcance mundial;, ressalta Luiz Antonio.
Na última terça-feira (18), essa projeção se tornou ainda maior com a inclusão dos manuscritos do compositor na categoria Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Com isso, passaram a ser considerados patrimônio cultural da humanidade. ;De repente a gente vê o Ernesto Nazareth na mesma categoria em que se encontram a Nona Sinfonia de Beethoven, os manuscritos de Brahms, a Bíblia de Gutenberg e documentos importantíssimos para o Brasil, como a coleção de fotografias da imperatriz Teresa Cristina. Isto só me traz alegria. Ninguém mais segura o Nazareth;, festeja o biógrafo.