Toda vez que a professora convocava os alunos para fazer trabalho em grupo na sala de aula, Jéssica ficava fora da divisão. Mesmo quando os colegas aceitavam a presença dela no grupo, avisavam que o nome da colega iria constar no trabalho, mas a aluna, com síndrome de Down, não teria o que fazer no grupo, nenhuma tarefa seria dada à ela. Aos 8 anos, Jéssica era uma menina tímida e não se atrevia a contar para a mãe como era seu dia a dia na escola. A rotina de exclusão só chegou aos ouvidos da mãe, a servidora pública Ana Cláudia Mendes de Figueiredo, de 49 anos, depois que ela contratou uma pedagoga para acompanhar de perto as atividades da filha no ambiente escolar. ;Ela me relatava quando acontecia esse tipo de coisa com a Jéssica;, detalha.
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Assim como Ana Cláudia, mães e pais de crianças com síndrome de Down defendem cada vez mais a presença de profissionais que atuem como mediadores do aprendizado dos filhos em unidades regulares de ensino. Hoje, Dia Internacional da Síndrome de Down, o Correio mostra como essa pode ser uma boa alternativa para a inclusão dos alunos com deficiência. A discussão sobre a presença desse auxiliar ; ou cuidador ; dentro da sala de aula motivou a apresentação do Projeto de Lei n;8014/10, que tramita no Congresso. Se aprovado, escolas públicas e privadas terão que manter um educador a mais na sala de aula, para atender alunos com deficiência intelectual ou física.
A proposta, do deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG), foi aprovada na semana passada em caráter conclusivo na Câmara. Pais e especialistas aprovam a iniciativa, mas fazem ressalvas sobre o termo ;cuidador;, utilizado no texto do projeto. ;Pessoas com síndrome de Down precisam mesmo é de um mediador nas atividades escolares. Cuidador seria necessário em caso de crianças com dificuldades físicas ou de locomoção;, argumenta a coordenadora-geral do Movimento Down, Maria Antônia Goulart. Ana Cláudia, que participa da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, defende o termo ;professor auxiliar;.
É assim que Ohana Dielly Damasceno, 23 anos, gosta de ser chamada. Estagiária no Centro Educacional Maria Auxiliadora (Cema), na Asa Sul, a estudante de pedagogia acompanha o desenvolvimento de duas alunas do 2; ano do ensino fundamental. As meninas, com síndrome de Down, nem sempre conseguem seguir o ritmo dos colegas. Ao ver que a criança enfrenta dificuldades para ler ou pronunciar alguma palavra, Ohana tem a liberdade, por exemplo, de sugerir à professora que indique exercícios específicos. ;O dia a dia é uma descoberta tanto para mim quanto para elas.;
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