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Femama cobra de parlamentares amplo debate sobre câncer de mama

Segundo a presidenta da Femama, o câncer de mama é um tema complexo e que as políticas públicas atuais não têm sido eficazes para reverter a curva de mortalidade da doença

postado em 03/04/2014 15:18
A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) cobrou, nesta quinta-feira (3/4), dos deputados e senadores uma discussão mais ampla sobre o câncer de mama no Brasil. A ideia do 1; Ciclo de Debates sobre Câncer de Mama para Parlamentares é fornecer informações sobre a doença em estágio avançado para estimular o Congresso a buscar alternativas que facilitem a implementação de políticas públicas.

Durante o evento, a mastologista e presidenta da Femama, Maira Caleffi, lembrou que o câncer de mama é um tema complexo e que as políticas públicas atuais não têm sido eficazes para reverter a curva de mortalidade da doença no Brasil. ;Não estamos curando o câncer de mama tanto quanto poderíamos curar ou tanto quanto se vê em outros países.;

Ela acrescentou que os principais entraves para melhorar os índices de cura da doença, no país, incluem a falta de diagnóstico precoce por meio da mamografia e a dificuldade no acesso a um tratamento de qualidade e em tempo correto.

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;Por que não estamos curando, apesar de termos as leis? Porque elas não estão sendo cumpridas. Precisamos aprofundar a discussão. Queremos dar subsídios técnicos aos parlamentares para que eles entendam e defendam suas leis;, disse. ;O que a gente está vendo lá na ponta é que continuam a morosidade, a burocracia e a dificuldade para que a mulher chegue a tempo de ter um tratamento adequado e de qualidade.;

Rita de Cássia Mascarenhas, 41 anos, conhece bem as dificuldades citadas pela presidenta do Femama. A farmacêutica foi diagnosticada, aos 39 anos, com a doença em estágio avançado. Passou por sessões de quimioterapia e radioterapia e enfrentou uma mastectomia radical, mas a cura não veio. Precisou, então, utilizar um medicamento que custa, em média R$ 14 mil mensais.

[SAIBAMAIS];Aí veio a pior batalha pela qual eu já passei ; a de ter que lutar judicialmente para poder continuar o tratamento. O SUS [Sistema Único de Saúde] não tinha o medicamento na lista. Precisei entrar na Justiça, provar que precisava desse medicamento e não tinha como pagar e lutar para receber. Foram várias batalhas até conseguir. Foi muito desgastante. Humilhante para um paciente;, contou.

O tratamento com o remédio, segundo Rita, durou cerca de oito meses. ;Várias vezes eu precisei ficar no frio, na chuva, na rua, para conseguir retirar esse medicamento. Há uma fila enorme e, muitas vezes, cheguei ao balcão e não tinha a medicação. É algo extremamente agoniante, porque a doença não permite suspender o medicamento.;

O oncologista e membro do Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama, Carlos Barrios, acredita que a doença não tem recebido a devida atenção no Brasil. Segundo ele, o país deve vivenciar, nos próximos anos, uma epidemia de câncer. Em 20 anos, a doença será a primeira causa de morte entre os brasileiros, acrescentou.

;O câncer de mama é uma doença que, potencialmente, poderia ser curada na enorme maioria dos casos, desde que diagnosticado cedo e tratado adequadamente. Mas a mamografia, mesmo sendo algo básico, não está universalmente distribuída. E não temos medicações que eventualmente são curativas à disposição de toda a população;, disse. ;Não acho que os legisladores, sozinhos, possam ter a solução. Eu não tenho a solução. A indústria farmacêutica ou a sociedade sozinhas não têm a solução. Tem que ser um trabalho conjunto;, concluiu.

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