Adriana Bernardes, Luiz Ribeiro/Estado de Minas - Enviado especial
postado em 06/04/2014 15:46
Moradores de Montes Claros, no Norte de Minas, voltaram a sentir tremores de terra por na manhã deste domingo. De acordo com as primeiras informações, o abalo foi de maior intensidade do que o sentido na última segunda-feira, quando o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) informou ter registrado um abalo de 3.2 graus na Escala Richter na cidade. Testemunhas relataram abalos em três momentos pela manhã, um primeiro tremor mais forte, às 10h40 e outros dois tremores secundários ; conhecidos como réplicas - às 10h48 e 11h47.[SAIBAMAIS]Dessa vez, moradores também sofreram com falta energia e houve queda de funcionamento do sistema de telefonia. Com a queda de energia, os semáforos não estão funcionando causando caos no trânsito da cidade. Boa parte da cidade ficou sem luz por cerca de 40 minutos, o que prejudicou bares, clubes e residências em diversos pontos de Montes Claros.
O abalo mais sentido por moradores da Vila Atlântica, região onde foi identificada uma falha geológica apontada como causa do fenômeno. Na sequência ocorreram os dois abalos de menor intensidade. O susto culminou em um alto registro de chamadas no Corpo de Bombeiros, no entanto somente uma ocorrência de dano foi registrada no Bairro Delfino, onde o teto de uma casa caiu. Bombeiros estiveram no local e a casa foi interditada. Ninguém ficou ferido.
O chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, Lucas Vieira Barros, disse que foram instalados sismógrafos que ainda não fazem a transmissão de dados em tempo real. Como neste domingo não houve expediente na instituição, não é possível precisar a magnitude do abalo. Contudo, segundo ele, pelas informações levantadas por moradores o tremor foi em torno de 3.5 na escala Richter.
No começo da semana, o Corpo de Bombeiros recebeu mais de 20 ligações com pessoas assustadas relatando o ocorrido. Porém, a Defesa Civil da cidade não registrou feridos.
Montes Claros registra uma sequência de tremores nos últimos três anos. O mais forte deles ; de 4,2 de magnitude, ocorrido em 19 de maio de 2012 - motivou a instalação de estações sismográficas da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade de São Paulo (USP), que passaram a monitorar os fenômenos, em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Em março de 2013, foi divulgado relatório dos estudos, que confirmaram a causa dos sismos: trata-se de uma falha geológica de 3 quilômetros de extensão, situada a cerca 1,5 a 2 quilômetros de profundidade.
Depoimentos
Em um restaurante especializado em comida árabe, próximo ao centro, o tremor não foi sentido. Mas a energia caiu. "Por volta de umas 11h só escutamos o barulho dos equipamentos desligando. Ficou um tempo ligando e desligando. Só voltou mesmo agora (15h10)", relata Jeruza Duarte Vieira, 24 anos, funcionária do estabelecimento.
A estudante Letícia Silva Alves, 24 anos, definiu o tremor deste domingo (6) como "rápido e intenso". Segundo ela, deu para sentir a grade onde estava encostada tremer. Mas foi por pouco tempo. "A energia acabou por uns 20 minutos. As pessoas já estão se acostumando. Teve um ano passado que foi bem forte, até trincou os muros de algumas casas", cita a jovem.
No Hospital Santa Casa de Montes Claros, os funcionários ficaram assustados com o tremor, mas ninguém chegou a passar mal. Até agora também não foram registradas entradas na unidade de saúde por conta do episódio. Segundo o recepcionista do hospital, Daniel Soares, 32 anos, foram dois tremores, com intervalo entre um e outro de cerca de 30 minutos. "Já estamos acostumados, este foi um pouco mais forte que o tremor que teve há algum tempo, levamos um susto, mas tranquizamos rapidamente", contou ao Correio.
Colaborou Camila Costa.