São Paulo - Os encoxadores do metrô de São Paulo, homens que assediam sexualmente as passageiras nos vagões, têm em comum o modo de se vestir e de agir. Bermuda de tactel (um tecido muito fino), ausência de cueca, camiseta bem comprida e um agasalho colocado na frente do corpo. Eles entram e saem de várias filas na mesma plataforma de uma estação. Gostam de agir nos horários de pico e, às vezes, gastam horas escolhendo uma vítima distraída.
Em entrevista à Agência Brasil, agentes de segurança à paisana, funcionários do metrô que têm poder de polícia nos vagões e nas estações, contam como agem esses homens. Segundo os agentes, que não podem ter a identidade revelada, os abusadores ;são sempre as mesmas pessoas;.
[SAIBAMAIS];Eles encostam, passam as mãos nas mulheres e alguns colocam o pênis para fora. No aperto, não dá para ver;, disse um dos agentes. A Estação Brás, na Linha Vermelha do metrô, é uma das mais críticas. ;No horário de pico, conseguimos identificar uns 30 molestadores por dia só nessa estação;, disse ele.
Cerca de 50 desses agentes trabalham todos os dias, em todos os horários de funcionamento do metrô. O grupo existe há oito anos e também combate furtos e outros crimes. Os delitos cometidos no metrô e nos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) são encaminhados à Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom), localizada no mezanino da Estação Palmeiras-Barra Funda do metrô, que funciona 24 horas por dia.
Alguns desses molestadores, contam os agentes, ejaculam nas vítimas. Eles envolvem o pênis com saco plástico, com gaze ou até mesmo com preservativo. Existem também os encoxadores que se aproveitam de garotas menores de idade. ;Uma vez pegamos o encoxador de uma garota de 12 anos e deu estupro de vulnerável;, contou.
A maioria deles, dizem os agentes, já foi pegamais de dez vezes. Porém, em 95% dos casos, eles apenas assinam um termo circunstanciado por importunação ofensiva ao pudor. ;Eles assinam e dois meses depois estão de volta à ação;. Dos casos em que os agentes presenciam o assédio e orientam a mulher para ir a uma delegacia, apenas 20% registram o boletim de ocorrência. ;A mulher não costuma ir para a delegacia, normalmente diz que está atrasada para o trabalho;, disse o agente.
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Além das encoxadas, as passageiras são assediadas por fotografias e filmagens. Os molestadores agem sempre da mesma forma, descreve o agente. Eles se abaixam e colocam o celular no chão para poder filmar por baixo das saias, enquanto fingem amarrar o sapato, ou então colocam a mochila com o celular no chão e se aproximam para filmar.
O verão é a época em que esses aproveitadores se proliferam, contou o agente. Segundo ele, a ousadia é tão grande que, há quatro anos, eles fizeram uma coletânea de vídeos com imagens de mulheres gravados no metrô. O grupo chamado Vampiros do Metrô vendia as cópias clandestinamente e chegou a ter 14 edições.