postado em 22/04/2014 12:42
Cerca de 40 pessoas retiradas do terreno da Oi, no Engenho Novo, permanecem acampadas desde sexta-feira (18/4) ao lado do estacionamento da Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Avenida Chile, centro da capital fluminense. Os manifestantes recebem doações de água e comida por meio de pedidos feitos nas redes sociais. A catedral disponibilizou um banheiro externo aos desalojados.O manifestante Rafael ; que, por medida de segurança, não quis informar o sobrenome ; disse que tanto na desocupação do terreno da Oi quanto na frente do prédio do Centro Administrativo da prefeitura houve truculência e abuso dos policiais.
;Por volta da 1h30 de sexta-feira, os policiais chegaram com três vans da prefeitura falando que não podíamos mais ficar ali. Pedimos para a gente recolher as coisas e eles falaram ;dez minutos;. Depois de um tempo, eles avançaram para cima da gente, pisoteando e empurrando quem estava ali. Tinham mulheres grávidas e crianças lá;, disse.
Ele disse ainda que os manifestantes não quiseram ser levados ao abrigo que a prefeitura ofereceu. ;[Lá] tem muito morador de rua, muitos dependentes de droga".
A advogada do Instituto dos Defensores dos Direitos Humanos (DDH) Eloísa Samy informou que a desocupação feita pela prefeitura desrespeitou diversos tratados e leis. "Temos diversas leis, tratados internacionais, que tratam do tema de desocupação. [Os tratados] estabelecem que o Poder Público, para realizar a remoção, tem de fazer previamente o estudo social daquelas pessoas e realocá-las;, disse.
De acordo com o irmão Eli, membro da fraternidade católica Toca de Assis, em um primeiro momento, a Catedral Metropolitana fechou as portas por medo de uma invasão, assim como ocorreu em alguns órgãos públicos.
;A gente estava com medo de uma invasão, mas depois vimos que não teríamos algo assim. Por isso, o padre Joel [pároco da Catedral Metropolitana] disponibilizou o espaço para eles ficarem e o banheiro na parte externa da igreja. Na nossa feijoada do domingo de Páscoa, nós distribuímos para eles também;, disse o religioso.
A organização não governamental (ONG) Justiça Global formalizou denuncia à Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a violência policial na desocupação dos moradores do terreno da Oi, ocorrida no último dia 11. De acordo com a ONG, o despejo das pessoas foi irregular.