postado em 06/05/2014 12:32
Em visita oficial ao Rio de Janeiro para investigar as causas da morte do coronel Paulo Malhães, que assumiu ter participado ativamente de torturas durante a ditadura militar no Brasil, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal chegou a ser barrada na Delegacia Antissequestro, no Leblon, zona sul da cidade.A presidente da comissão senadora Ana Rita (PT-ES), os senadores Joao Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) chegaram às 10h para ouvir o caseiro do coronel Malhães, Rogerio Pires, um dos envolvidos no assalto que provocou a morte do militar. No entanto, uma hora depois não tinham sido autorizados a ver o preso.
Os parlamentares chegaram a dar declarações à imprensa criticando a Secretaria Estadual de Seguranca que não teria comunicado à delegada de plantão sobre a vinda da diligência do Senado. Mas durante a entrevista, o senador Capiberibe recebeu uma ligação informando de que a entrada da comitiva havia sido liberada. "Fomos surpreendidos ao chegar aqui e a delegada não estar presente. E, apesar de vários contatos de nossa presidente, não obtivemos autorização para ter acesso ao preso", declarou Randolfe, antes de ter a entrada autorizada na delegacia.
[SAIBAMAIS]Os senadores estão, no momento, dentro da Antissequestro, onde pretendem ouvir o caseiro. Rogerio Pires confessou ter participado do assalto ao sitio do coronel, em Nova Iguaçu, facilitando a entrada de dois irmaos que entraram na casa.
Uma das hipóteses para a morte do coronel da ditadura é roubo seguido de morte, o que provocou um infarto em Malhães, segundo a guia de sepultamento. Porém, a Comissão da Verdade do Rio levanta suspeitas sobre a tese da Polícia Civil e cobra participação da Polícia Federal nas investigações do episódio. "Têm questões não esclarecidas. O coronel Brilhante Ustra publicou em site pessoal a informação da morte de Malhães com meia hora de antecedência em relação à imprensa e o fato de os discos rígidos dos computadores da casa terem sido levados, o que não configura assalto clássico", afirmou o presidente da comissão, Wadih Damous.
Para Wadih, a confissão do caseiro não é suficiente. "Ainda que tenha sido ele de fato o assassino, achamos que ele tem outros esclarecimentos", completou. Ao longo do dia, os senadores da Comissão de Direitos Humanos vão à sede da Polícia Civil, onde também tratarão do caso. Para os senadores é muito suspeita a morte do coronel depois de dar depoimento à Comissão da Verdade detalhando a atuação dele e do regime militar na prisão e tortura de presos políticos no período.