Brasil

Preso por espancar dona de casa se nega a colaborar com a polícia

Nem com a oferta de cela especial, Valmir Dias Barbosa, que confessou ter espancado dona de casa confundida com sequestradora, entrega outros autores do crime. Cinco envolvidos na barbárie foram identificados na investigação

postado em 08/05/2014 06:00
Suspeito de surrar Fabiane, Valmir alegou ser usuário de drogas e  disse ter sido incentivado pela multidão

Preso pelo envolvimento no linchamento de mulher no Guarujá, cidade do litoral de São Paulo, Valmir Dias Barbosa, 48 anos, negou-se ontem a dar informações sobre outros autores do espancamento que resultou na morte de Fabiane Maria de Jesus, 33 anos. Mesmo depois de a polícia oferecer o benefício de ficar em uma cela isolada, Walmir se limitou a dizer que cerca de 100 pessoas participaram da violência contra a dona de casa, confundida com uma sequestradora de crianças que praticava rituais satânicos na cidade. Frente às dificuldades de apuração do crime, familiares da vítima estão se mobilizando para coletar informações na região onde ocorreu o homicídio.

Fabiane foi atacada por uma multidão, no sábado passado, depois da publicação de um retrato falado na página ;Guarujá Alerta;, hospedada em uma rede social, de uma mulher que praticava rituais satânicos com crianças sequestradas. A dona de casa morreu na manhã de segunda-feira depois de passar dois dias internada. Duas testemunhas que prestaram ontem depoimento deram entrevistas ao site G1. ;Eu cheguei e vi um monte de gente batendo nela, fiquei lá olhando, mas em nenhum momento toquei nela. Muita gente falava que ela era a sequestradora, outras que não, mas não tinha o que fazer, se eu fosse impedir iam me linchar, fiquei com medo;, contou um morador.



O homem diz ainda que Fabiane sequer teve a chance de se defender. ;Ela não tentou reagir, mas nem tinha como, de tanta gente em cima dela. Começou no Morrinhos 3 e durou umas duas horas. Foi chegando gente de todo o canto, até de táxi, virou uma tragédia. Eu só lamento pelo que aconteceu com ela, espero que estejam arrependidos, até eu que olhei me sinto arrependido;, disse. Parentes da vítima sustentam, com base em relatos, que a vítima virou alvo do espancamento depois de brincar com um menino, que ela não conhecia, e oferecer uma fruta a ele ; já que ela tinha acabado de fazer compras.

A mãe da criança teria visto a cena e achou que a desconhecida seria a tal sequestradora que assombrava a região, boato que havia sido espalhado pelo Guarujá Alerta na internet. O primo da vítima, Fabiano Santos das Neves, contou que ela adorava crianças. ;Além dos filhos dela, ela cuidava de outras três crianças durante o dia, que são filhos de uma sobrinha dela. Acho que brincou com aquele menino sem pensar;, disse. Responsável pelo caso, o delegado Luiz Ricardo Lara, do 1; Distrito Policial do Guarujá, afirmou, no entanto, que ainda não tem informações suficientes para dizer como as agressões começaram. O primo da vítima não foi ouvido pela polícia até o momento.

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