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Crianças mortas na chacina em escola do Rio ganham memorial

Para lá foram levados os restos mortais de dez dos 12 estudantes mortos no dia 7 de abril de 2011 pelo ex-aluno da instituição Wellington Menezes

postado em 10/05/2014 19:01
Rio de Janeiro - A emoção marcou este sábado (10) a inauguração, no Cemitério Jardim da Saudade, do memorial em homenagem às crianças que foram assassinadas na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio. Para lá foram levados os restos mortais de dez dos 12 estudantes mortos no dia 7 de abril de 2011 pelo ex-aluno da instituição Wellington Menezes. Cinco corpos estavam enterrados em sepulturas no mesmo cemitério e os outros nos cemitérios de Ricardo de Albuquerque e de Realengo, mas as famílias queriam que todos ficassem em um só lugar. O cemitério cedeu a área para a construção do memorial.

[SAIBAMAIS]Para a presidenta da Associação Anjos de Realengo, Adriana Silveira Machado, mãe de Luísa Paula da Silva, de 14 anos, morta na chacina, a criação do memorial representa um símbolo de luta. ;Em um momento de dor, nós queremos que cada pessoa que olhe esse memorial não veja essa história como uma forma de dor, mas como símbolo de luta. Nós continuamos a luta e continuamos brigando. As crianças partiram sem saber o porquê, até mesmo para onde estavam indo, por falta de segurança nas escolas. A educação está precária e fica a nossa retificação, que a nossa dor seja um símbolo de mudança. Nós queremos mudança. Hoje eu não tenho mais a minha filha na escola, mas os meus sobrinhos estão lá, o filho do meu vizinho, do meu amigo. Não tem que remediar. Tem que trabalhar a prevenção. Por falta de prevenção, 12 crianças perderam a vida;, completou.

Joseane Bispo dos Santos, mãe de Milena, de 13 anos, ficou satisfeita com o memorial porque acredita que as crianças mereciam um local como aquele. Embora reconheça que foi um momento sofrido enterrar novamente a filha, ela se sentiu confortada com a mensagem do arcebispo do Rio, cardeal dom Orani Tempesta, que celebrou a cerimômia. ;Tudo que vem dos céus é confortante para a gente que é mãe, que está na perda, que está na dor. Tudo é maravilhoso com a família do lado. Eu tenho que chegar agora em casa, forte, porque tem um bebê me esperando. Logo depois que eu perdi Milena, eu tive o meu filho. A Milena vai ficar guardada aqui [apontou o coração] e ninguém vai tirar" , disse a mãe, acrescentando que o filho se chama Davi e tem 1 ano e 9 meses.

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Na celebração, dom Orani defendeu ações pelo fim da violência. Após a cerimônia, disse que o memorial vai lembrar às famílias das crianças que morreram assassinadas na escola que a vida não termina com a morte, e também vai ajudar toda a população a recordar a responsabilidade comum pela paz na cidade, no estado e no mundo. ;Nós não podemos conviver com tanta violência, com tantas dificuldades de convivência entre as pessoas. Às vezes, situações de insegurança e de ódio. Então, vamos celebrar a vida, vamos acreditar na vida eterna, mas também em um compromisso com o futuro que cada um de nós deve ter de transformar este mundo para melhor;, disse.

Na avaliação do cardeal, todos que passarem pelo memorial, ao verem os nomes das crianças, poderão pensar se é este o mundo que querem ou um diferente. ;Acho que todos responderemos [preferir] um mundo diferente, em que as crianças vivam e cresçam e as pessoas vivam com segurança em cada momento. Isso, Deus nos deu a graça, e o dom da inteligência para construirmos juntos, e cabe a nós fazê-lo;, destacou.

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