Brasil

Rodoviários do Rio de Janeiro farão greve de 48 horas a partir desta terça

A categoria pede 40% de reajuste e R$ 400 de tíquete alimentação, além do fim da dupla função de motorista e cobrador

postado em 12/05/2014 20:00
Após a audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que terminou sem acordo, trabalhadores rodoviários do Rio de Janeiro decretaram greve de 48 horas, a partir de amanhã. Cerca de 400 pessoas participaram da discussão na frente do TRT na tarde desta segunda-feira (12/5), na Avenida Antônio Carlos, no centro da cidade.

O grupo é formado por rodoviários que não concordam com o acordo fechado, no mês passado, entre o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus (Sintraturb) do Rio de Janeiro e o Rio Ônibus, sindicato das empresas, que determinou aumento de 10% nos salários e de 40% na cesta básica. Com os reajustes, o salário básico de motorista ficou em R$ 1.957,86 e o de cobrador, em R$ 1.080,39. O tíquete alimentação foi para R$ 140 por mês, com desconto de R$ 10 pagos pelo trabalhador.

[SAIBAMAIS]A categoria pede 40% de reajuste e R$ 400 de tíquete alimentação, além do fim da dupla função de motorista e cobrador. Durante as discussões na assembleia, os trabalhadores apontaram que, caso o Rio Ônibus não reabra as negociações, a greve será por tempo indeterminado. Ficou acertado, entretanto, que, na quinta-feira (15), todos retornarão normalmente ao trabalho. Houve orientação para que não haja depredação de veículos, como ocorreu na semana passada.

A audiência no TRT foi sobre o dissídio de greve dos rodoviários, pedido apresentado pelo sindicato das empresas. A desembargadora Maria das Graças Paranhos, responsável pela sessão de dissídios coletivos, explicou que não foi possível chegar a um acordo.



;Todos os dissídios coletivos, seja ele de greve ou econômico, precisa de uma audiência de conciliação, porque, se chegar a um acordo entre as categorias, o processo é encerrado. Mas, lamentavelmente, não tivemos êxito. Como eles tiveram uma negociação em abril, a categoria econômica entende que não há mais espaço para negociação;.

De acordo com ela, o Sintraturb terá cinco dias para apresentar a defesa, depois o sindicato patronal vai ter cinco dias para vistas. Em seguida, o Ministério Público do Trabalho terá 48 horas para apresentar parecer. Após todo esse trâmite, ocorrerá o sorteio de um relator na corte e o dissídio de greve vai a julgamento.

O vice-presidente do sindicato dos rodoviários, Sebastião José da Silva, destacou que a paralisação não foi chamada pela entidade. ;O dissídio aqui hoje foi provocado pelo Rio Ônibus. O objetivo aqui era julgar a ilegalidade da greve. Envolveram o sindicato, mas o sindicato não fez a greve, veio aqui se defender, simplesmente isso. O que existe é uma paralisação, greve é quando a entidade que representa decreta, o que não foi o caso;.

Ele avaliou que o acordo fechado pelo sindicato foi melhor do que a maioria dos acordos coletivos fechados no Brasil este ano. ;Nós entendemos que encaminhar uma negociação pedindo 40% está totalmente fora da realidade do país;, afirmou.

A comissão dos trabalhadores participou da audiência no TRT, mas nenhum representante teve a oportunidade de se pronunciar, apenas os advogados. A advogada da comissão, Isabela Blanco, reiterou que cabe ao sindicato a legitimidade de apresentar a pauta de reivindicação, mas a comissão reivindica ser ouvida e pretende participar do processo de dissídio como assistente.

;Os trabalhadores saíram daqui decepcionados, por entenderem que vieram aqui para serem ouvidos, mas infelizmente os advogados das empresas foram irredutíveis. Quem tem o direito de apresentar essa pauta é o sindicato, mas há uma pauta de reivindicação da comissão que poderia ser encampada. Há o pedido para que a comissão continue acompanhando o processo como assistente no processo de dissídio;.

A prefeitura anunciou um plano de contingência para o período da greve dos rodoviários, a fim de minimizar os impactos à população. A operação de pico dos trens da SuperVia será antecipada em 90 minutos, com início às 4h30, e com redução do intervalo entre as composições. Os trens especiais que partem de Bangu, Campo Grande, Deodoro e Madureira também terão reforço. A circulação começará às 4h.

O metrô terá o horário do pico antecipado em 60 minutos, a partir das 5h30. As composições começam a circular às 5h e vão operar com capacidade máxima. Nas barcas, o intervalo entre as embarcações será reduzido a partir das 6h30 em Cocotá, na Ilha do Governador. Nos ônibus, serão priorizadas as linhas de ligação com outros modais e em áreas não atendias por outros meios de transporte coletivo.

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