Brasil

Caminhada incentiva adoção de crianças e cobra agilidade da Justiça

O Brasil tem cerca de 40 mil meninos e meninas à espera de um novo lar, segundo os ativistas

postado em 25/05/2014 18:20
Famílias e defensores dos direitos das crianças e dos adolescentes fizeram uma caminhada hoje (25) na Praia de Copacabana, no Rio, com o objetivo de incentivar a adoção e cobrar agilidade no processo. A prática é uma forma de garantir a crianças que estão em abrigos ou em situação de risco social o direito à convivência familiar e comunitária. O Brasil tem cerca de 40 mil meninos e meninas à espera de um novo lar, segundo os ativistas.

A presidenta da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, Barbara Toledo, explica que antes de decidir adotar, as famílias devem se informar sobre o processo legal, feito pela Justiça. ;Incentivamos uma adoção segura emocionalmente para as crianças e as famílias, que a pessoa esteja preparada. A criança não pode ser devolvida de jeito nenhum;, diz.

A mãe adotiva Silvana do Monte Moreira, que participou do ato, destacou que os pais adotivos devem estar focados no bem-estar das criança. ;A adoção não existe para suprir as lacunas dos pais, mas para conceder às crianças alijadas da convivência familiar, uma família;, disse. ;Por mais que um abrigo possa ser bem equipado, nunca será igual a colo de pai e mãe;.

Também participou da caminhada a dona de casa Jaci de Paiva, mãe adotiva de três adolescentes, que são irmãs biológicas. Ela está na fila novamente para adotar mais uma. ;Eu amo minhas filhas. A primeira adotei com 14, anos a outra com 15 anos e a última com 10 anos;, contou. ;As pessoas têm que adotar crianças maiores, não adianta querer pegar só bebezinho;, recomendou.

O desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Siro Darlan, que acompanhou a caminhada, alertou para o preconceito, que leva muitos pais em potencial a idealizar os filhos e a se frustrar. ;Temos que considerar que o perfil do brasileiro não é loiro de olhos azuis. Somos mulatos, morenos, negros e esse é o perfil das crianças;, disse.

O promotor do Ministério Público Estadual Sávio Bittencourt também cobrou mais agilidade da Justiça. Segundo ele, há mais pais dispostos a adotar do que crianças disponíveis no cadastro. No Rio, onde são cerca de 3,5 mil meninos e meninas em abrigos, ele considera que o processo de desvinculação das crianças em relação às famílias de origem precisa ser mais rápido.


;A lei tem como prioridade a reintegração familiar, claro. Mas há crianças que, evidentemente, não serão reintegrada e as tentativas [da Justiça] são inúteis, traumatizam as crianças;, criticou.

Para adotar uma criança, a família deve procurar a Vara da Infância e Juventude do município e se ;habilitar;, com a entrega de documentos. O processa leva cerca de um ano.

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