Jornal Correio Braziliense

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Após negociação, grupo de sem-teto adia desocupação na Praça da Sé em SP

Acordo foi feito entre representantes do MSTS de São Paulo e da organização religiosa, dona do terreno

Após negociação, as 51 famílias que ocupam, há quatro meses, um prédio de dez andares na Praça da Sé conseguiram permanecer no local por mais 12 dias. A Polícia Militar (PM) chegou ao local por volta das 6h para cumprir o mandado de reintegração de posse em favor da Ordem Terceira do Carmo, da Igreja Católica. O acordo foi feito entre representantes do Movimento Sem Teto de São Paulo (MSTS) e da organização religiosa, proprietária do terreno.

;Queremos que seja feito o cadastro de moradia dessas pessoas. Se conseguirmos isso, deixamos o prédio;, explicou Elenice Alves, coordenadora do movimento. Os sem-teto interditaram a Rua Boa Vista por cerca de três horas para protestar contra a desocupação. ;As pessoas que estão aqui vieram de todas as regiões da cidade. Temos, inclusive, imigrantes, que não conseguem pagar um lugar para morar;, declarou.


[SAIBAMAIS]Além do prédio na Praça da Sé, o MSTS organiza sete ocupações em prédios do centro da cidade. Segundo o movimento, no total, 965 famílias moram nos locais que estavam abandonados e foram tomados pelos sem-teto. A cozinheira aposentada Ilma Rocha, 69 anos, mora há oito anos em ocupações. ;A última foi na Mooca e até agora não tive nenhum benefício;, relatou. Ela conta que faz a opção de morar ali para poder ajudar a filha desempregada. ;Tenho três netos. Se eu ficar aqui, posso ajudar mais eles;, destacou.

No prédio da Sé, ela divide um quarto com a amiga Maria Martins, 61 anos, que é cuidadora de idosos. ;Trabalho só três dias por semana e fica apertado. Meus filhos não podem me ajudar;, disse. Apesar da negociação que estendeu o prazo para a saída do grupo em 12 dias, elas dizem que gostariam de ficar. ;Aqui é muito bom, no Centro. Eu queria ficar;, disse Ilma.

Procurada pela Agência Brasil, a Ordem Terceira do Carmo informou que o diretor da organização não estava disponível e ninguém estava autorizado a falar sobre o assunto. A posse do terreno e o pedido judicial de reintegração, entretanto, foram confirmados.