Brasil

Após negociação, grupo de sem-teto adia desocupação na Praça da Sé em SP

Acordo foi feito entre representantes do MSTS de São Paulo e da organização religiosa, dona do terreno

postado em 27/05/2014 13:58
Após negociação, as 51 famílias que ocupam, há quatro meses, um prédio de dez andares na Praça da Sé conseguiram permanecer no local por mais 12 dias. A Polícia Militar (PM) chegou ao local por volta das 6h para cumprir o mandado de reintegração de posse em favor da Ordem Terceira do Carmo, da Igreja Católica. O acordo foi feito entre representantes do Movimento Sem Teto de São Paulo (MSTS) e da organização religiosa, proprietária do terreno.

;Queremos que seja feito o cadastro de moradia dessas pessoas. Se conseguirmos isso, deixamos o prédio;, explicou Elenice Alves, coordenadora do movimento. Os sem-teto interditaram a Rua Boa Vista por cerca de três horas para protestar contra a desocupação. ;As pessoas que estão aqui vieram de todas as regiões da cidade. Temos, inclusive, imigrantes, que não conseguem pagar um lugar para morar;, declarou.


[SAIBAMAIS]Além do prédio na Praça da Sé, o MSTS organiza sete ocupações em prédios do centro da cidade. Segundo o movimento, no total, 965 famílias moram nos locais que estavam abandonados e foram tomados pelos sem-teto. A cozinheira aposentada Ilma Rocha, 69 anos, mora há oito anos em ocupações. ;A última foi na Mooca e até agora não tive nenhum benefício;, relatou. Ela conta que faz a opção de morar ali para poder ajudar a filha desempregada. ;Tenho três netos. Se eu ficar aqui, posso ajudar mais eles;, destacou.

No prédio da Sé, ela divide um quarto com a amiga Maria Martins, 61 anos, que é cuidadora de idosos. ;Trabalho só três dias por semana e fica apertado. Meus filhos não podem me ajudar;, disse. Apesar da negociação que estendeu o prazo para a saída do grupo em 12 dias, elas dizem que gostariam de ficar. ;Aqui é muito bom, no Centro. Eu queria ficar;, disse Ilma.

Procurada pela Agência Brasil, a Ordem Terceira do Carmo informou que o diretor da organização não estava disponível e ninguém estava autorizado a falar sobre o assunto. A posse do terreno e o pedido judicial de reintegração, entretanto, foram confirmados.

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