postado em 28/05/2014 17:43
O Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio) esclareceu nesta quarta-feira (28/5) que não há risco de infecção generalizada por bactérias multirresistente a antibióticos. A direção da unidade, que é referência no tratamento de doenças relacionadas ao sangue, confirmou que tem três pacientes infectados e mais 14 pessoas com o microorganismo na pele (colonizados) - mas que não estão doentes - internadas em isolamento no instituto. Segundo a diretora-geral da unidade, Simone Silveira, o aparecimento de bactérias resistentes a antiobióticos é comum, principalmente em pacientes com imunidade baixa, em decorrência de tratamentos como a quimioterapia. ;Com o passar o tempo, bactérias se tornam mais resistentes a remédios. Mas há novas drogas, mais potentes. Os pacientes que estão internados aqui têm tratamento, estão sob cuidados, não estão esperando a morte;, esclareceu.
A diretora do Hemorio reforçou que não há nenhum risco de infecção para pessoas que regularmente doam sangue na instituição, em uma ala ;completamente desvinculada da internação;. E pediu que os doadores compareçam à unidade. ;Por uma série de motivos como a greve de ônibus, estamos com estoques baixos, na véspera da Copa do Mundo;.
Para evitar a propagação da bactéria, a médica explicou que os pacientes estão em uma área isolada. ;Porque o acompanhante desse paciente vai pegar nele, vai tocar, e depois vai encostar na maçaneta, vai ao banheiro. Um outro acompanhante pode vir e tocar naquilo. Aí, um outro paciente que está sensível, pode ser colonizado". Segundo ela, os profissionais da unidade precisam usar máscaras e luvas para lidar com os pacientes do isolamento.
De acordo com Simone, o número de pacientes com bactérias multirresistentes no Hemorio está abaixo do percentual de 8% (pacientes por leito) aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS). ;Nossa taxa global de infecção hospitalar está abaixo de 1,3%;, comparou. ;As bactérias estão aqui no hospital e na população por algum tempo, não existe risco de infecção geral;, frisou. Ontem (27) sete pessoas que tinham sido detectadas com o problema tiveram alta.
O professor de infectologia pediátrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmilson Migowski confirmou que pessoas em tratamento acabam mais vulneráveis a doenças. ;É igual ventar contra uma casa de palha e outra de alvenaria. O mesmo vento derruba a casa de palha e não a de alvenaria;. Ele ressaltou que é pouco provável que pessoas saudáveis corram o mesmo risco.
;Esse é o problema da atualidade. A partir do momento em que mantemos vivos quem teria morrido por falta de quimioterapia, de cuidado médico, infelizmente, vai ocorrendo a possibilidade de colonização [primeiro passo para a infecção];, explicou Migowski. Os pacientes do Hemorio foram identificados com as bactérias ESBL, KPC e VRE.
A direção do Hemorio também confirmou que, na semana passada, o setor de pediatria identificou larvas na comida servida às crianças. A empresa terceirizada que fornece a alimentação foi notificada para que trocasse a chefia de Nutrição. ;Acreditamos que tenha sido um caso isolado porque é uma empresa que comprova qualidade no processo;, declarou.